“VERLUST”, O SUFOCO AGONIZANTE DO MUNDO DAS APARÊNCIAS.

Por Celso Sabadin.

Esmir Filho é um cineasta que fez enorme sucesso no início de sua carreira, como curta-metragista, tanto na internet como no circuito dos festivais. Talvez alguns não o conheçam pelo nome, mas muitos certamente se lembram do grande hit da internet “Tapa na Pantera”, com mais de 15 milhões de acessos no YouTube. Seu curta “Alguma Coisa Assim” ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes 2006, enquanto “Saliva” foi escolhido para ser o curta-metragem representante do Brasil na corrida para o Oscar 2008. Seu primeiro longa, “Os Famosos e os Duendes da Morte”, foi o grande vencedor do Festival do Rio 2009, além de ter sido selecionado para Berlim e Locarno, e conquistado prêmios de melhor filme, direção e crítica nos festivais de Havana, Valdívia, Granada, Guadalajara. Um trabalho maduro, de excelente qualidade, prejudicado, no Brasil, por um título infeliz (muita gente pensou até que era um filme da Xuxa). Em julho de 2017, lançou seu novo longa-metragem “Alguma Coisa Assim”, uma coprodução Brasil-Alemanha, continuação do curta homônimo premiado em Cannes.

Seu novo longa, “Verlust”, chega agora às plataformas digitais. Coproduzido por Brasil e Uruguai, “Verlust” se desenvolve em duas belas mansões vizinhas, à beira-mar. É nelas que se acontece um perturbador quadrilátero amoroso composto por uma cantora famosa (Marina Lima) e o escritor que escreve sua biografia (Ismael Caneppele), somados à hiperativa empresária da cantora (Adreia Beltrão) e seu marido (Alfredo Castro). Um doloroso e intrincado nó emocional ao qual se junta à filha adolescente do casal (Fernanda Pavanelli).

Bem em frente às ricamente envidraçadas mansões, uma simbólica baleia encalhada agoniza diante dos olhares impotentes dos moradores e frequentadores da praia. Mas nada poderá adiar a festa de Reveillon planejada para aquela festiva noite. No frágil mundo das aparências, a verdade dos sentimentos reais se afoga e se sufoca.

“Verlust” foi escrito e produzido ao longo de 10 anos, explica o diretor: “Mais uma vez, trata-se de uma parceria minha com o escritor Ismael Caneppele (como no filme Os Famosos e os Duendes da Morte), em um diálogo entre dois tipos de arte que subverte os limites da adaptação. Enquanto o filme narra o ponto de vista dos personagens que se projetam na criatura encalhada, o livro de Ismael – em fase de lançamento –  narra em primeira pessoa o ponto de vista da criatura marinha, que deseja se desprender de seu coletivo e procurar sozinha o ambiente do qual partiu há séculos”.

O filme está disponível nas plataformas Now, VivoPlay, OiPlay a partir de 19 de novembro.