“OS LOBOS DO LESTE”, A METÁFORA DA EXTINÇÃO.

Por Celso Sabadin.

Um filme japonês dirigido por Carlos Quintela. Sim, a frase soou bem esquisita, mas vamos lá: produzido em 2017, chega agora ao Brasil o drama “Os Lobos do Leste”, filme com pegada eminentemente oriental. Na verdade, o longa é uma coprodução internacional cotizada não apenas pelo Japão, como também por Reino Unido, Suíça, Cuba (terra do diretor Quintela) e até pelo Brasil (no tempo em que ainda havia um pouco de governo e um pouco de produção cinematográfica no nosso país).

O roteiro é totalmente latino (de Abel Arcos Soto, Fabián Suarez e do próprio diretor), com elenco oriental e locações no Japão. E funcionou muito bem! A trama fala de uma bela região japonesa
– Higashiyoshino – que mantem um clube de caça já há 30 anos presidido pela mesma pessoa, o irascível Akira (Tatsuya Fuji, protagonista do clássico “O Império dos Sentidos).
Dizem os costumes locais que a caça e o abate de cervos por ali são necessários pois como os lobos na região foram extintos, é preciso que haja a ação do homem para manter o equilíbrio ecológico da floresta. Inclusive o filme traz cenas que podem sensibilizar de maneira mais contundente os simpatizantes da causa animal (evidentemente não reais, mas mesmo assim fortes).
Neste contexto, Akira quer provar a todos que os lobos não estão extintos, e não medirá esforços para tentar confirmar seu ponto de vista. Na verdade, a obsessão do velho caçador tem muito mais a ver com seus antigos fantasmas do passado que propriamente com a questão atual. Acuado, ele próprio luta para não ser mais um lobo extinto.
Sóbrio, poético e por vezes cruel, “Os Lobos do Leste” estreia nos cinemas de São Paulo e Rio nesta quinta, 25/02.