“O BOM DOUTOR”, A MEDICINA EM TEMPOS DE APLICATIVOS.  

Por Celso Sabadin.

A pandemia multiplicou a importância e o alcance dos aplicativos de entrega. Se, antes dela, utilizávamos tais aplicativos basicamente para solicitar alimentação e transporte, os novos tempos mostraram que quase não há mais limites para este tipo de serviço. Bom, mas daí a pedir que um Uber lhe entregue serviços médicos já vai uma boa distância. Esta é a premissa da comédia “O Bom Doutor”, que estreia nos cinemas nesta quinta, 9 de setembro.

Os letreiros iniciais do filme dizem que tudo foi inspirado em um caso real, o que é difícil de acreditar, mas lá vai: na véspera de Natal, o doutor Serge (Michel Blanc) está sozinho e sobrecarregado como o único profissional disponível para atender os pacientes que lhe procuram pelo serviço médico móvel de Paris (não sabia que existia este serviço; achei genial). Sua situação piora quando ele é acometido por uma antiga contusão, que lhe limita os movimentos. Pressionado, Serge tem uma ideia tão maluca quanto esperta: fazer uma dupla com Malek (o comediante e youtuber Hakim Jemili, estreando no cinema), um entregador da Uber (o merchandising é explícito), para quem ambos, em conjunto, possam atender aos pacientes.

Entenderam agora por que é difícil acreditar que a história é baseada em caso real?

Verdade ou mentira, não, importa: o filme é descompromissado e divertido. Para quem não exigir demais, claro. O roteiro de Jim Birmant e Tristan Séguéla (este também diretor do filme) trata do tema com leveza, misturando o humor a alguns antigos clichês do gênero (a história pregressa do protagonista, os arrependimentos, as redenções, etc.) que são perdoáveis para quem se dispuser a mergulhar de coração aberto neste pequeno conto de Natal fora do Natal.

“O Bom Doutor” é uma comédia que não vai mudar a história do cinema, mas tem o poder de mudar o humor da gente, principalmente nestes tempos complicados. Não é pouca coisa.