“45 DO SEGUNDO TEMPO”, UMA BELA E AGRADÁVEL SURPRESA.
Por Celso Sabadin.
Que ótima notícia! Um filme que visa o grande público, que traz um famoso ator global como protagonista, que se apresenta como comédia (na verdade é um drama cômico), e que em momento algum subestima nem a inteligência, nem o gosto das plateias para obter sucesso nesta sua empreitada.
Assim é “45 do Segundo Tempo”, o novo longa de Luiz Villaça, o mesmo diretor de “Por Trás do Pano” e “Cristina quer Casar”, entre outros. O roteiro é da trinca Vinícius Calderoni, Rafael Gomes e Luna Grimberg, os mesmos que roteirizaram “Meu Álbum de Amores”, também estreando nos cinemas nesta semana.
De imediato, me identifiquei pessoalmente com a história destes três colegas de infância e adolescência que se reencontram – após décadas sem se verem – para reproduzir uma foto histórica: a da viagem inaugural do metrô paulistano, em 1974, na qual os amigos aparecem juntos. O motivo da minha identificação é que eu também, com vários colegas de colégio, fui conferir de perto a inauguração do sistema metroviário de São Paulo, naquela mesma viagem inaugural. Eu só não estudava no Dante Alighieri, como os personagens do filme.
O primeiro grande acerto do longa foi a escolha do elenco. Tony Ramos é Pedro, o herdeiro de uma tradicional cantina italiana, palmeirense fanático, simpático e carismático. Cássio Gabus Mendes é Ivan, o antigo revolucionário da turma, agora um advogado workaholic. E Ary França é Mariano, que se tornou padre.
O tema do reencontro de velhos companheiros de escola e a verificação que seus sonhos de juventude foram se perdendo no decorrer dos anos não é exatamente uma novidade no cinema. Mas em “45 do Segundo Tempo” ele assume contornos dos mais afetivos, na medida em que traz a questão para a nossa ambientação brasileira, sintonizando-se mais proximamente com nossos valores e memórias, sem deixar de abordar questões importantes da contemporaneidade, como a homofobia, por exemplo. Além do futebol como uma regozijante representação simbólica da vida e da morte, claro.
O roteiro e a direção, se mostram dos mais sensíveis e – mesmo sem a pretensão de serem surpreendentes – apoiam-se com segurança na sólida intepretação do trio central de atores, que eleva “45 do Segundo Tempo” a uma categoria superior à da média.
O filme contém cenas explícitas de merchandising do tradicional Colégio Dante Alighieri, na região da Paulista, por onde o metrô ainda não passava em 1974.
Só não gostei que meu Corinthians perde no flm, o que não chega a ser um spoiler…

