BETINHO (70) E BETHÂNIA (75) PROTAGONIZAM DOCUMENTÁRIOS.
Por Celso Sabadin.
Dois documentários sobre duas importantes personalidades brasileiras chegam ao público esta semana: “Betinho, 70 Anos” e “Maria – Ninguém Sabe quem Sou Eu”.
O primeiro é um registro/homenagem a Herbert José de Sousa, sociólogo e ativista humanitário que comandou a histórica campanha do Brasil contra a fome, falecido em 1997.
O longa é uma produção da TV Senado realizada em 2005, e que na época comemorava os 70 anos de nascimento do popular Betinho, conhecido também como “o irmão do Henfil”, da famosa canção “O Bêbado e o Equilibrista”.
Num primeiro momento, pode-se até questionar o relançamento do filme, mas ao rever o material percebe-se que “Betinho, 70 Anos”, está mais atual do que nunca. Infelizmente.

No documentário, o sociólogo fala insistentemente nos 32 milhões de brasileiros que passam fome, uma das principais bandeiras de sua campanha social. Betinho morre sem saber que a questão, aparentemente sem solução a curto prazo, seria resolvida nos governos seguintes de Lula e Dilma, e que o Brasil sairia finalmente do mapa da fome. Por outro lado, não era sequer possível imaginar que, muito rapidamente, “graças” à desastrosa atual administração federal, o Brasil retornaria à condição de país subdesenvolvido. E hoje se contabilizam não mais 32 milhões de famintos, mas 33. O Brasil é tristemente cíclico.
Entre os entrevistados estão a viúva de Betinho, Maria Nakana; a atriz Letícia Sabatella; o ator Paulo Betti; o pintor Siron Franco; os diretores do IBASE, Cândido Gryzibowski e Dulce Pandolfi; e o cantor e compositor Gilberto Gil.
Dirigido por César Mendes, o filme será exibido domingo, dia 28 de agosto, às 23h, no SescTV, ou também online em sesctv.org.br/noar
BETHÂNIA
Já “Maria – Ninguém Sabe Quem Sou Eu”, chega aos cinemas no próximo dia 1º de setembro enfocando – sim, novamente – a cantora Maria Bethânia.
Já faz um tempo que perdi as contas de quantos filmes já foram feitos sobre Bethânia, certamente a celebridade mais documentada do cinema brasileiro. Nesta nova produção, não poderia ser diferente – não sobram muitas novidades a serem ditas sobre ela. Porém, hipnoticamente, sua personalidade magnética faz tudo soar diferente, faz tudo valer a pena outra vez, mesmo que não existam efetivamente elementos diferenciados a serem revelados. Mesmo que ela diga, como o próprio título do longa, que ninguém saiba quem ela seja.

Trata-se do registro de um depoimento inédito e exclusivo – gravado no teatro do Hotel Copacabana Palace – para o roteirista e diretor Carlos Jardim como parte de suas pesquisas para seu livro “Ninguém sabe quem sou eu (a Bethânia agora sabe!)”, recém-lançado pela Editora Máquina de Livros.
Mas não é só isso. Há também imagens raras garimpadas em arquivos de TV, como ensaios do show antológico que Bethânia e Chico Buarque fizeram em 1975, e do espetáculo que a cantora e o irmão Caetano realizaram em 1978.
Jardim passeia com desenvoltura pelos 57 anos de carreira, 75 de idade (na época das filmagens), inúmeros discos e shows, e uma quantidade incalculável de entrevistas da cantora. Ao longo de 100 minutos do filme, chama a atenção não apenas o vigor e a presença fortíssima de Bethânia, como a paixão e a generosidade com as quais ela brinda as mais diversas pessoas que permearam e permeiam sua vida e sua carreira.
“Maria – Ninguém Sabe Quem Sou Eu” traz ainda a participação de Fernanda Montenegro, que narra cinco textos marcantes sobre Bethânia, ilustrados com imagens registradas por fãs-fotógrafos da cantora, que o diretor do filme garimpou nas redes sociais dos fãs-clubes de Bethânia. São textos escritos por Ferreira Gullar, Nelson Motta, Fauzi Arap, Caio Fernando Abreu e Reynaldo Jardim, este último autor do livro “Bethânia guerreira guerrilha”.
Nos cinemas, a partir de 1º de setembro.

