BARRY LEVINSON EM PLENA FORMA EM “A LUTA DE UMA VIDA”.

Por Celso Sabadin.

Barry Levinson foi um dos cineastas norte-americanos mais badalados e premiados dos anos 1980/90, época em que dirigiu sucessos como “Mera Coincidência”, “Bugsy”, “Avalon”, “Rain Man” e “Bom Dia, Vietnã”, entre outros.

Mais recentemente, dedicou-se à direção e produção de séries televisivas. Neste contexto, é um grande prazer cinéfilo vê-lo em plena forma, agora aos 80 anos de idade, na direção de “A Luta por uma Vida” (no original, “The Survivor”), produzido para a TV, e que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, 8 de setembro.

O “sobrevivente” do título original é Hertzka Haft (Ben Foster), judeu polonês, ex-prisioneiro dos nazistas, que após a Guerra foge para os EUA, onde ganha a vida como boxeador. Em suas lutas, Haft usa o codinome “O Sobrevivente de Auschwitz” como ferramenta de marketing e divulgação. Até o momento em que o jornalista Emory (Peter Sarsgaard) insiste em entrevistá-lo para um grande jornal de Nova York. Mas Haft não que contar sua história.

Com roteiro de Justine Juel Gillmer, “A Luta pela Sobrevivência” é baseado em acontecimentos reais registrados no livro “Auschwitz Survivor, Challenger of Rocky Marciano”, de Alan Scott Haft, filho de Hertzka.

De estilo clássico, o longa traz a direção sempre segura e elegante de Levinson, que alterna com eficiência as linhas narrativas ambientadas em três tempos diferentes: pouco após a Guerra (em 1949), na maturidade do personagem (em 1963), e durante os horrores do holocausto nazista.

Há algo de Spencer Tracy no Ben Foster de 1949 que ajuda decisivamente na credibilidade da trama. O ator, inclusive, faz aqui uma das melhores interpretações de sua carreira, tendo se submetido a regimes especiais para se adequar aos pesos e portes físicos que cada período exigiu.

Questões técnicas como cenografia, fotografia, reconstituição de época e direção de arte estão irrepreensíveis.

Lamenta-se apenas um breve, mas marcante, escorregão patriótico melodramático no final, mas nada que apague os méritos do longa. Coisa de estadunidenses, a gente sabe como é.

John Leguizamo e Danny DeVito fazem bem-vindas participações especiais.