“PETER VON KANT”, À SOMBRA DE FASSBINDER.
Por Celso Sabadin.
Em 1972, o cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder escreveu e dirigiu “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, a partir de sua própria peça teatral.
Agora, meio século depois, o francês François Ozon retoma o texto original e realiza “Peter Von Kant”, com algumas alterações significativas, principalmente nos papeis principais, que passam a ser interpretados por homens. Petra, que no primeiro filme era uma estilista de sucesso (vivida por Margit Carstensen), agora é Peter (interpretado por Denis Ménochet), um famoso cineasta abertamente criado à imagem e semelhança do próprio
Fassbinder.
Assim como Petra se apaixona pela aspirante a modelo Karim (Hanna Schygulla), Peter se encanta desesperadamente por Amir (Khalil Ben Gharbia, estreando no cinema), um jovem astro em potencial.
“Peter Von Kant” investiga o amor tóxico e possessivo, tão destrutivo que talvez nem deva ser chamado de amor. Discute os limites que dividem – se é que dividem – o que se convencionou chamar de paixão com o que se convencionou chamar de loucura. Fiel às suas origens teatrais, o longa se desenvolve quase em sua totalidade em uma única ambientação – o apartamento do protagonista – o que sublinha ainda mais a sensação de sufoco e claustrofobia que Peter impõe a Amir.
Para quem já era cinéfilo dos anos 80, duas pequenas preciosidades: as presenças de Isabelle Adjani – uma das grandes musas do período – e de Hanna Schygulla, que faz uma ligação afetiva com o primeiro filme.
Selecionado para a mostra competitiva do Festival de Berlim, “Peter Von Kant” estreou na última quinta, 20/10, nos cinemas de São Paulo, Brasília, Maceió, Salvador, Fortaleza, Vitória, Goiânia, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Campo Grande, Belém, Recife, Curitiba, Londrina, Maringá, Curitiba, Natal, Porto Alegre, Florianópolis, Aracaju, Santos, Ribeirão Preto, Campinas, Palmas e João Pessoa.

