“O CLUBE DOS ANJOS” E O VENENO NOSSO DE CADA DIA.
Por Celso Sabadin.
A questão não é por que nos envenenam, mas sim por que nos deixamos envenenar. O tema, dos mais pertinentes nestes tempos envenenados em que vivemos, é levantado com sarcasmo e vigor em “O Clube dos Anjos”, coprodução Brasil-Portugal que estreia na próxima quinta-feira, 3 de novembro.
A partir do livro “Gula – O Clube dos Anjos” (1998), de Luís Fernando Veríssimo, o longa fala de sete amigos que desde a infância se reúnem frequentemente para celebrar as delícias de um lauto jantar. Tudo vai bem até que a morte do decano entre eles desencadeia um mórbido processo de prazer e autodestruição incontroláveis.
Mais até do que a trama, o que chama a atenção em “O Clube dos Anjos” é a altíssima qualidade de seu elenco, formado por ninguém menos Otavio Muller, Matheus Nachtergaele, Paulo Miklos, Marco Ricca, Augusto Madeira, André Abujamra, Ângelo Antônio, César Mello, Samuel de Assis e António Capello. Como se percebe, Veríssimo não deixou espaço para personagens femininos, em seu texto.
Falando em Veríssimo, vale o alerta: não estamos aqui diante de uma comédia, como o famosíssimo nome do autor do livro original poderia supor. Pelo contrário, O Clube dos Anjos” é um drama macabro no qual a sedução e a inevitabilidade da morte se apresentam com toda sua intensidade, causando cizânias e provocando suscetibilidades. Com toques de sarcasmo, claro, que ninguém é de ferro.
O roteiro e a direção são de Angelo Defanti, diretor dos curtas “Borá” (2017), “Feijoada Completa” (2012) e “Maridos, Amantes e Pisantes” (2008), entre outros, estreando agora em longas para cinema. Ele atualmente finaliza o documentário “Verissimo”, sobre o escritor.
Após passar por vários festivais pelo mundo – incluindo Estônia, Noruega, lslândia, Itália e Kosovo – “O Clube dos Anjos” estreia nos cinemas brasileiros no dia 3 de novembro.

