GRAMADO 2010: “NÃO SE PODE VIVER SEM AMOR” NÃO AGRADA AO PÚBLICO… MAS PENSANDO BEM…

Vários personagens se encontram e se perdem pela noite carioca, poucos dias antes do Natal. O garoto Gabriel e a trintona Roseli tentam encontrar o pai do menino, que os abandonou. Durante a busca, seus destinos se cruzam com estranhas figuras urbanas como o advogado João, um jovem desempregado e desesperado. Ou Pedro, um homem que precisa decidir entre a esposa e a profissão. Ou mesmo a dançarina de boate Gilda, que sonha em abandonar a cidade.
Outras figuras vão se unir a estes outsiders formando um estranho painel de uma noite bizarra percorrida por ruas e becos de um Rio de Janeiro bem diferente dos postais zona sul que a mídia costuma vender ao público.
O elenco chama a atenção: Cauã Raymond, Angelo Antonio, Simone Spoladore, Fabíula Nascimento, Rogério Fróes, Babu Santana, Maria Ribeiro

O resultado é “Não se pode viver sem amor”, um filme perdido, que narra suas histórias de maneira mal costuradas, e que causa estranheza na platéia pela sua falta de consistência e lógica. Numa primeira análise, um filme a ser facilmente descartável. Porém… a crítica de cinema não se pode render à primeira análise: se o tema do filme são pessoas perdidas por uma cidade estranha, pode-se inferir também que o diretor chileno Jorge Duran tenha emprestado à sua narrativa justamente a estranheza e a desestruturação do universo que pretendeu narrar. Ou seja, total coerência entre forma e conteúdo. Será? Uau, que viagem!

De qualquer maneira, de uma forma geral o público presente na exibição de “Não se pode viver sem amor” não gostou do filme. O que também não significa muita coisa, pois o público daqui, frio, não tem gostado de praticamente nada que está sendo mostrado na tela do chamado “Palácio dos Festivais” (apelido pomposo para uma sala de cinema das mais desconfortáveis).

Afinal, o Festival de Gramado parece ser o único do país onde o número de pessoas que ficam no saguão, fazendo social, é muito maior que o número de pessoas que ficam dentro do cinema, vendo filmes.

Celso Sabadin viajou a Gramado a convite da organização do evento.