UM DOS MELHORES DO ANO, “MONSTER” AMPLIA SEU CIRCUITO.
Por Celso Sabadin.
Um dos grandes desacertos cometidos pela indústria cinematográfica em todos os tempos foi querer – e pior, conseguir – minimizar a expressão artística para que ela pudesse caber em caixinhas. A partir de um determinado momento da história do cinema, a obsessão capitalista passou a exigir que a criação cinematográfica fosse empacotada e encaixotada de forma que os filmes pudessem ser rotulados, facilitando assim o “consumo” por parte das plateias. Como um sabonete, por exemplo.
Para ficar bonito e dar a este reducionismo uma validação acadêmica, convencionou-se chamar tal processo de “Cinema de Gênero”. Suspenses, Policiais, Dramas, Comédias, etc., passaram a seguir bulas, engessando a criatividade do que deveria ser simplesmente Cinema.
Felizmente, ainda há cineastas capazes de transgredir tudo isso para pensar a atividade cinematográfica de maneira muito mais criativa. Hirokazu Kore-eda é um deles. Sua obra mais recente – “Monster” – presença constante em listas dos melhores filmes do ano (aliás, outro reducionismo do mercado) é prova disso.
Utilizando toda a sua tradicional habilidade de contar uma história nos mais altos registros da sutileza e da sensibilidade, Kore-eda desenvolve uma trama que circula com total desenvoltura pelos tais “gêneros” que nos acostumamos a rotular como mistério, suspense, drama e romance. Ele rasga todos aqueles infames “manuais de roteiro” que tentam dar formatação matemática a tudo o que deveria ser fluidamente humano, e ainda consegue homenagear seu grande mestre conterrâneo Akira Kurosawa ao utilizar em seu longa a então revolucionária estrutura narrativa do clássico “Rashomon”.
Neste contexto, abre discussões que contemplam as diversas leituras do abstrato conceito de verdade, denuncia hipocrisias, e cria fortes vínculos de empatia com a diversidade de personagens que apresenta.
A sinopse de “Monstro”? Não digo. Também acho simplificador este costume de tentar reduzir todo e qualquer filme a uma “historinha” de cinco linhas.
O melhor a fazer é ver e se emocionar.
A partir desta quinta-feira, 14 de dezembro, “Monstro” ampliou seu circuito exibidor, e agora chega também às seguintes salas:
Curitiba: Cineplex Batel
Belo Horizonte: Una Belas Artes
Brasília: Cine Cultura Liberty Mall
Fortaleza: Cinema do Dragão
Florianópolis: Paradgma Cinearte
Niterói: Reserva Cultural
Porto Alegre: Espaço de Cinema Bourbon Country e Cinemateca Paulo Amorim
Rio de Janeiro: Estação NET Rio, Estação Net Gávea, Cine Santa Teresa e Espaço Itaú Botafogo
São Paulo: Petra Belas Artes, Espaço Itaú Augusta, Cine Sala, Reserva Cultural, Espaço Itaú Frei Caneca
Salvador: Cine Glauber Rocha
Recife: Cinema da Fundação

