O AUTOBIOGRÁFICO “PARE COM SUAS MENTIRAS” RETOMA O TEMA DA VOLTA PARA CASA.
Por Celso Sabadin.
Filmes que mostram o protagonista retornado à sua cidade natal para se reconciliar com seu passado não são exatamente uma novidade no cinema. Na verdade, o tema é tão recorrente que já pode até ser considerado um subgênero. Mesmo assim, geralmente eles resultam em histórias atrativas e invariavelmente afetivas, na medida em que inspiram nas plateias a sempre reconfortante sensação de possibilidade de uma nova chance.
É o caso de “Pare com Suas Mentiras“, uma das estreias no cinema desta última quinta-feira de 2023.
No caso, o filho pródigo é o escritor Stéphane Belcourt (Guillaume de Tonquédec), que retorna à Cognac (cidade que originou a famosa bebida que leva seu nome) para o lançamento de um pequeno livro de contos. Logo se percebe, porém, que lançar o livro e visitar as destilarias de cognac estão muito longe de ser as principais intenções de Belcourt. Sua empreitada na realidade é uma tentativa de resgatar a história e a verdade de Thomas (Julien De Saint Jean), o primeiro – e talvez o único – grande amor de sua vida.
Com direção sóbria e competente de Olivier Peyon, “Pare com Suas Mentiras” passeia com desenvoltura pelos caminhos que tal estilo de filme costuma trilhar. O estranhamento da volta, os reencontros familiares, os constrangimentos do passado, as emoções sufocadas, uma boa pitada de humor irônico, está tudo lá, sem surpresas e sem tirar o público de sua zona de conforto.
Destaque para a personagem Gaelle (a produtora do evento), que cresce e se desenvolve com muita solidez durante a trama, em ótima intepretação de Guilaine Londez.
Victor Belmondo, neto do ícone francês Jean-Paul, também tem atuação de destaque.
O roteiro é do próprio diretor, a partir do livro autobiográfico “Arrête avec tes Mensonges”, que Phillipe Besson publicou em 2017.

