“O BRILHO DO DIAMANTE SECRETO” PARECE UM TRAILER DE UMA HORA E MEIA.
Por Celso Sabadin.
A abertura de “O Brilho do Diamante Secreto” faz uma referência aos filmes de James Bond, repleta de estilizações gráficas, cortes abruptos, efeitos sonoros, silhuetas e cores fortes dos anos 60 e 70. Acreditei ser uma espécie de homenagem satírica ao estilo de 007.
O problema foi perceber que o que eu estava vendo não era uma abertura, mas o filme inteiro. Trata-se de uma hora e meia de estilizações gráficas, cortes abruptos, efeitos sonoros, silhuetas e cores fortes dos anos 60 e 70 que causaram um total desconforto e dores de cabeça para as experientes retinas deste crítico que vos escreve. Adicione-se a isso momentos de violência gráfica explícita e constantes idas e vindas no tempo.
A trama fala de um agente secreto aposentado que se vê obrigado a voltar à ação e enfrentar uma misteriosa vilã que tem a habilidade de trocar de pele (e, consequentemente, de rosto), assumindo diversas personalidades. Bom, pelo menos foi isso que eu consegui depreender do roteiro, em meio a tantas estilizações gráficas, cortes abruptos, efeitos sonoros, silhuetas e cores fortes dos anos 60 e 70. A desagradável sensação de estar assistindo a um antigo videoclipe de décadas passadas durante uma hora e meia torna inócua qualquer tentativa de traçar uma linha minimamente compreensível de história.
Mas poderia ser pior: a direção poderia ter sido do Yorgos Lanthimos. Não foi. O show vazio de maneirismo-ostentação de “O Brilho do Diamante Secreto” tem roteiro e direção dos franceses Hélène Cattet e Bruno Forzani, com o italiano Fabio Testi no papel do protagonista em sua fase idosa. O elenco traz também Yannick Renier, Koen De Bouw, Maria de Medeiros, Thi Mai Nguyen e Céline Camara.
Coproduzido por Bélgica, Luxemburgo, Itália e França, “O Brilho do Diamante Secreto” foi selecionado para a mostra competitiva principal do Festival de Berlim.