O CALDEIRÃO DE RANCORES DE “O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO”.

Por Celso Sabadin.

 

As guerras realmente acabam? Talvez esta seja o maior e mais perturbador questionamento que fica em nossas mentes após assistir “O Homem Mais Feliz do Mundo”, longa de 2022 que estreia em cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 02/10.

 

Toda a ação se desenvolve num bizarro evento promovido para unir pessoas solteiras, uma espécie de tinder presencial. É neste contexto de brincadeiras, jogos de perguntas e respostas e danças que os quarentões Zoran (Adnan Omerovic) e Asja (Jelena Kordic Kuret) se encontram. Ela, relaxada e aberta a novas experiências; ele, a tensão em pessoa.

 

Aos poucos, porém, vão se revelando os verdadeiros motivos pelos quais ambos se encontraram. E tal realidade – além de cruel e dolorosa – se espalhará pelos traumas inconfessáveis de todos os envolvidos no tal evento.

 

Escrito por Elma Tataragic e pela diretora do longa, Teona Strugar Mitevska, “O Homem Mais Feliz do Mundo” propõe uma visão simbólica das fragmentações sociais, psicológicas e culturais da região dos balcãs, historicamente assolada por várias guerras e revoluções e – consequentemente – repositória de profundas mágoas e sentimentos irreconciliáveis. Seria viável uma paz duradoura neste caldeirão de rancores? Quantas gerações são necessárias para a cicatrização das feridas?

 

Coproduzido pela Dinamarca, Macedônia do Norte, Dinamarca, Bélgica, Eslovênia, Croácia e Bósnia e Herzegovina, “O Homem Mais Feliz do Mundo” foi selecionado para a mostra Horizontes, de Veneza, e premiado em vários festivais internacionais.