BILHETERIAS DA SEMANA: PIXAR E DREAMWORKS TÊM NOVO CONCORRENTE.
Diferentemente do que publicamos no último comentário, depois que fechamos a coluna das bilheterias do fim de semana de 25 a 27 de fevereiro, na contagem final, cinema por cinema, “Passe Livre” (Hall Pass), dos irmãos Farelli, ficou com primeiro lugar no ranking das bilheterias dos EUA com US$ 13,5 milhões, deixando em segundo “Gnomeu e Julieta”, que em seu terceiro fim de semana faturou US$ 13,4 milhões.
No último fim de semana, Johnny Depp voltou a liderar as bilheterias como a voz do lagarto animado “Rango”.
“Rango”, primeira animação digital produzida pela “Industrial da Light and Magic” de George Lucas, criada em 1975 para produzir os efeitos visuais de “Guerra nas Estrelas”, une mais vez a dupla de “Piratas do Caribe”, o diretor Gore Verbinski e o ator Johnny Depp.
Fez US$ 38,1 milhões em cerca de 5.200 salas de 3.917 cinemas, ultrapassando “O Besouro Verde”, que estreou com US$ 33,5 milhões, e era, até então, a maior abertura de 2011. Sua bilheteria foi também inferior a de “Como Treinar o Seu Dragão” (US$ 43,73 milhões), mas está em desvantagem em relação a ele, pois não conta com a ajuda dos preços altos das exibições em 3D.
Quando fechamos a coluna na quarta-feira, “Rango” já havia ultrapassado os US$ 40 milhões.
Em segundo lugar ficou “Destino Oculto” (The Adjustment Bureau), “thriller” de ficção científica, que reúne Matt Damon e a inglesa Emily Blunt. Estreou em 2.840 cinemas e quase 3.200 telas e faturou US$ 21,2 milhões. Bem mais do que o filme anterior de Damon, “Além da Vida”, de Clint Eastwood. Aliás, foi a maior abertura de Damon fora da série Bourne.
Na terceira colocação, ficou “A Fera” (Beastly), que fez US$ 9,9 milhões em 1.952 cinemas. Quatro vezes mais do que “High School Band”, de 2009, filme anterior de Vanessa Hudgens. “A Fera” é o segundo filme de Alex Pettyfer (“O Número Quatro”) em cartaz, o que poderá causar certa confusão, já que ambos são romances sobrenaturais. “O Número Quatro” caiu 48%, fazendo estimados US$ 5,7 milhões, totalizando US$ 47 milhões em 15 dias. “A Fera” é um filme com forte apelo adolescente, mas vai enfrentar mais um concorrente à altura na próxima sexta-feira quando estrear “A Garota da Capa Vermelha” (Red Riding Hood, da Warner), que estréia no Brasil em 21 de abril.
“Take me home tonight” teve o pior desempenho entre as estréias “wide”. Interpretado por Topher Grace, é mais um filme para adolescentes. Foi lançado em 2.003 cinemas e faturou US$ 3.464.679, ficando na 11ª colocação.
Entre as continuações, “Passe Livre”, a comédia dos irmãos Farelli com Owen Wilson, que liderou por muito pouco o ranking da semana passada, desceu para a quarta posição depois de perder 33,4% da receita. Faturou US$ 8,9 milhões no fim de semana, totalizando US$ 26,8 milhões em 10 dias.
Outra comédia em exibição, “Esposa de Mentirinha” caiu 35%, faturou US$ 8,86 milhões, somando uma receita de US$ 88,1 milhões em 24 dias.
“Gnomeu e Julieta” resistiu ao tiroteio de “Rango”, embora tenha perdido 46% da bilheteria, fazendo US$ 7,2 milhões. Mas já acumula US$ 84 milhões em 24 dias.
“Desconhecido” perdeu 48%, faturando US$ 6,5 milhões, perfazendo US$ 53 milhões em 17 dias.
O vencedor do Oscar de melhor filme, “O Discurso do Rei”, ainda figura entre os “top ten” do fim de semana, mas não obteve o mesmo aumento da semana passada, antes da premiação. Foi a menor queda entre os lançamentos “wide”, perdendo somente 15% da receita, o que lhe dá uma bilheteria total de US$ 123,5 milhões em 101 dias.
Enquanto isto, a bilheteria total de “Justin Bieber: Never Say Never” subia para US$ 68,8 milhões em 24 dias, ultrapassando a receita final de do filme de Hannah Montana. Mas seu circuito de exibição é muito maior do que o de Montana.
Independentes
Se os filmes de major não estão tendo o desempenho esperado pela indústria quando comparados aos lançamentos de 2010, os filmes independentes têm tido um ótimo desempenho, guardadas as proporções.
Embora sua estréia só esteja programada para outubro nos EUA, “Red State”, de Kevin Smith, está tendo sessões antecipadas pelo país. No fim de semana, numa única sessão em Nova York, no Radio City Music Hall, o filme – uma sátira aos filmes de terror – fez US$ 161.590, que significaram a 10ª maior média por sala de todos os tempos. Com ingressos variando entre US$ 54 e mais de US$ 100, sua comparação com outros filmes se torna difícil. Numa conversa com o público, Kevin Smith disse que apenas 3.800 lugares, dos 6 mil disponíveis, tinham sido vendidos. Mas, ainda assim, é um começo promissor.
“happythankyoumoreplease”, de Josh Radnor, também teve uma estréia respeitável. O drama destinado a jovens adultos, ganhador do prêmio do público em Sundance 2010, estreou em duas salas e faturou US$ 30.000 com uma média de US$ 15.000 por sala.
“Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (em cartaz em uma sala em S.Paulo), vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2010, estreou em três salas, fazendo US$ 24.110 no weekend, totalizando US$ 28.400 desde a estréia na quarta-feira. Sua média por sala no fim de semana foi de US$ 8.036. Comparado ao lançamento anterior do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, “Syndromes and a Century”, de 2007, “Tio Boonmee” teve um excelente começo, já tendo ultrapassado sua renda final de US$ 16.675, e ainda deverá faturar mais do que “Tropical Malady”, do mesmo diretor, exibido na Mostra S.Paulo de 2004, e que fechou com US$ 46.750.
A estréia do fim de semana anterior “Of Gods and Men”, de Xavier Beauvois, vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes do ano passado, fez US$ 71.906 em sete cinemas (subiu de três na semana anterior), numa média de US$ 10.272 por sala.
“Amores Imaginários” (Heartbeats) do francês Xavier Dolan, exibido em Cannes e na Mostra S. Paulo de 2010, fez US$ 7.000, entrou em sua segunda semana abrindo para Los Angeles, além de Nova York, numa bilheteria total de US$ 17.000. Do mesmo diretor de “Eu Matei Minha Mãe”, exibido no Festival do Rio de Janeiro no ano passado.
Em seu terceiro fim de semana, “The Last Lions” abriu de quatro para 14 salas. A distribuição do National Geografic que acompanha os esforços de uma leoa para defender sua prole, fez US$ 56.225 com uma média de US$ 4.016 por sala. Sua bilheteria total está em US$ 181.196 e deverá abrir para mais salas nas próximas semanas.
Em seu terceiro fim de semana, “I Am”, de Tom Shadyac, um documentário entrevistando líderes intelectuais e espirituais sobre o que está errado no mundo, fez US$ 32.950. Shadyac é mais conhecido por dirigir filmes de estúdios major como “O Todo Poderoso” e “O Professor Aloprado.
Em seu quinto fim de semana “Cedar Rapids”, da Fox Searchlight, ainda teve um bom desempenho. A comédia estrelada por Miguel Arteta, Ed Helms, John C. Reilly abriu de 136 para 235 cinemas, e faturou US$ 815.000 numa média de US$ 3.468 por sala, num total de US$ 3.384.911. É o primeiro filme independente de 2011 a ultrapassar a barreira dos US$ 3 milhões, num ano dominado pelas indicações do Oscar.
Esse foi o melhor fim de semana de 2011 até agora.
Depois dos US$ 116,1 faturados por “Alice no País das Maravilhas” há um ano, tudo indica que o primeiro fim de semana de março, quando se iniciam as pequenas férias escolares da primavera (spring brake), irá se igualar ao início de maio, quando começam a ser lançados os blockbusters do verão.
Este ano, como não havia blockbusters, Hollywood optou pelo público de menos de 35 anos, com animações e comédias ligeiras. Quando Hollywood procura entretenimento garantido (leia-se $$$$), o primeiro gênero que vem à cabeça é animação. Depois de uma temporada de inverno fraca nos cinemas, sem títulos como “Avatar” e “Alice no País das Mararavilhas”, que alavancaram as bilheterias de 2010, o público voltou aos multiplexes em março para ver “Rango”, o segundo western de sucesso depois de “Bravura Indômita”.
Os filmes do início de março ainda não conseguiram chegar ao desempenho de US$ 186 milhões obtidos pelos 12 maiores filmes do ano passado no mesmo período, liderado “Alice no País das Mararavilhas”, mas a boa notícia é que a soma dos 12 mais do fim de semana nº 9 ficou 26,1% acima do fim de semana anterior.
Bilheterias e Oscar
Em geral, o Oscar não trouxe um aumento nas bilheterias dos filmes premiados, talvez porque muitos já estivessem em cartaz há mais tempo.
“O Vencedor” caiu 29%, tendo faturado estimados US$ 1,1 milhão, acumulando US$ 92 milhões. Foi o No. 14 do ranking do fim de semana. “Cisne Negro” caiu 25% ao fazer estimado US$ 1 milhão, somando US$ 105 milhões. Custo de produção: US$ 13 milhões.
“Biutiful”, embora não tenha ganhado nenhum dos Oscar ao qual foi indicado, se segurou bem em seu sexto fim de semana. Desceu de 180 para 142 salas, perdeu 41% da arrecadação, mas ainda cruzou a marca dos US$ 4 milhões depois de faturar US$ 258.500 no fim de semana. Total: US$ 4,2 milhões. Um feito para um filme estrangeiro.
Os vencedores dos prêmios mais importantes tiveram um ótimo fim de semana. O já mencionado “O Discurso do Rei” foi o filme com menor declínio do fim de semana, embora tivesse perdido 145 salas. Custou US$ 15 milhões, já ultrapassa os US$ 250 milhões no mundo todo e está a caminho dos US$ 150 milhões nas bilheterias norte-americanas.
Desde 2002, quando “Uma Mente Brilhante” venceu o Oscar de melhor filme, “O Discurso do Rei” é o primeiro filme a não ter um aumento na bilheteria pós-Oscar.
Renda Semana/Renda Total
Em US$
1 “Rango” 38.079.323/38.079.323
2 “Os Agentes do Destino” 21.157.730/21.157.730
3 “Beastly” 9.851.102/9.851.102
4 “Passe Livre” 8.861.053/26.846.808
5 “Gnomeu & Julieta” 7.240.315/84.022.325
6 “Desconhecido” 6.520.232/53.029.496
7 “Esposa de Mentirinha” 6.431.246/88.131.316
8 “O Discurso do Rei” 6.230.227/123.546.104
9 “O Número Quatro” 5.750.190/46.488.606
10 “Justin Bieber: Never Say Never” 4.277.128/68.828.539

