“A ÚLTIMA CARTADA” É UM FILME PARA SER ESQUECIDO

Sabe aquele dia em que tudo dá errado? Que a gente nem deveria ter saído da cama? Agora imagine um filme assim, onde tudo dá absurdamente errado. “A Última Cartada” é um desses filmes que – digamos assim – só tem um defeito: ter sido feito. Confuso, gratuitamente violento, sem conteúdo, aborrecido e redundante, “A Última Cartada” fala de Buddy Israel (Jeremy Piven, mais conhecido da série “Saturday Night Live”), mistura de mágico, showman e criminoso (!) que tem sua cabeça posta a prêmio por um desafeto chefão da Máfia. A partir do momento em que a morte de Israel vale um milhão de dólares, várias facções – tanto da lei como do crime – saem em seu encalço, numa caçada sangrenta.
O roteirista e diretor Joe Carnahan (do elogiado e premiado “Narc”, de 2002) se enrola por inteiro ao (tentar) contar a história. Passa praticamente os primeiros 20 minutos do filme apresentando vários personagens e despejando sobre a platéia uma não absorvível quantidade de informações e textos verbalizados, demonstrando total falta de domínio da linguagem cinematográfica. Depois, fica num meio termo entre Tarantino e Guy Ritchie ao tentar estilizar, exagerar e fazer graça com a violência excessiva, mas sem um décimo do talento dos imitados citados. Personagens perdidos e sem função completam o desastre. Um filme para ser esquecido.
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A ÚLTIMA CARTADA (Smokin’ Aces). EUA, França, Inglaterra, 2006. Direção de Joe Carnahan. Com Jeremy Piven, Ray Liotta, Ben Affleck, Andy Garcia, Alicia Keys.