O CÉU DESABA SOBRE A CABEÇA DE “ASTERIX NOS JOGOS OLÍMPICOS”
De fato, um é pouco, dois é bom, três é demais. Até no cinema. A primeira versão cinematográfica do herói gaulês Asterix, “Asterix e Obelix contra César”, lançada no século passado (1999, para ser mais exato), foi muito bem-vinda e bastante divertida. Em 2002, “Asterix e Obelix: Missão Cleópatra” também rendeu boas risadas. Agora, neste oportunista “Asterix nos Jogos Olímpicos”, quase nada se salva.
Pegando carona nos jogos de Pequim (não me acostumo com a nova nomenclatura de Beijing), a nova trama agora começa com o jovem gaulês Apaixonadix, disposto a tudo para se casar com sua amada, a princesa grega Irina. Porém, o pai de Irina prefere que ela se case com Brutus, filho de Júlio César, o que seria muito mais proveitoso para a Grécia. A moça, então, decide dar seu coração para quem vencer os jogos olímpicos. É claro que Asterix e Obelix, representando a Gália, vão ajudar Apaixonadix, porém, com um detalhe: o “comitê olímpico” da época proibiu a famosa poção mágica nos jogos. Quem a utilizar, será desclassificado no anti-doping.
A idéia não é ruim, mas é muito mal realizada. Apensar de uma belíssima produção de encher os olhos, com ótimas reconstituições do que seria a Grécia daquela época, o filme tem um roteiro fraquíssimo, com piadas que não funcionam e situações cômicas de pouca ou nenhuma inspiração.
Há, sim, alguns pontos positivos. Como por exemplo a participação do veterano (e ainda em forma, aos 72 anos) Alain Delon, no papel de Júlio César. Ele chega a dizer que, do alto de seu posto de Imperador, ele não deve nada a ninguém. Nem a Rocco, nem a seus irmãos, numa referência a um dos grandes filmes do ator. Também é simpática a figura de Gérard Depardieu reproduzindo a cena que fez em “Cyrano”, ao soprar para Apaixonadix as palavras românticas que serão repetidas à amada. E, sem dúvida, o melhor momento do filme é o campeão de Fórmula 1 Michael Schumacher correndo com uma brilhante biga vermelha, representando a Germânia nos jogos olímpicos.
Mas é muito pouco. O restante do filme não dá liga, não faz rir, e por vezes traz um humor raso, circense e pastelão. O personagem Cobertudiopus, por exemplo, está mais para Sérgio Mallandro que para a fina ironia dos personagens originais criados por Uderzo e Goscinny.
Desta vez, o céu caiu sobre a cabeça dos produtores.