IRREGULAR MAS DIGNO, “NOVIDADES NO AMOR” ABORDA A DIFERENÇA DE IDADE NO RELACIONAMENTO.

Tudo é uma questão de expectativa. Quem acreditar na propaganda de “Novidades no Amor”, e for assistir ao filme achando que realmente ele é uma comédia romântica, pode se decepcionar. Porém, quem for vê-lo sabendo que se trata de um romance – efetivamente com poucas cenas cômicas – talvez possa até curtir.
A questão é que o rótulo “comédia romântica” sempre dá muito Ibope, e as distribuidoras preferem rotular os filmes desta maneira, mesmo não sendo o caso.

A história é sobre a bela quarentona Sandy (Catherine Zeta-Jones), uma daquelas mulheres perfeitas que criam uma família perfeita num perfeito subúrbio novaiorquino. Antes mesmo dos créditos iniciais do filme terminarem, ela descobre uma traição do marido que – sem maiores delongas – deságua em divórcio e com Sandy e seus dois filhos indo morar no centro de Nova York. Neste particular, o filme não enrola e vai direto ao assunto: a reconstrução da vida da protagonista, agora tendo de arrumar um emprego e uma babá para suas crianças. É aí que entra a simpática figura de Aram (Justin Bartha, o noivo de “Se Beber, Não Case”): ele será “o” babá. E, claro, vai se apaixonar por Sandy e vice-versa.

Um dos problemas é que o rapaz é 15 anos mais novo que a mulher. Outro problema é que este tema da diferença de idades já foi tratado de forma muito mais divertida e interessante em “Nunca é Tarde para Amar” (2007), com Michelle Pfeiffer. E, sem este assunto, o roteiro fica meio perdido. Aliás, “irregular” seria o melhor adjetivo para classificar “Novidades no Amor”. Às vezes tenta ser engraçado (não consegue), em outros momentos procura o drama, em determinadas cenas flerta com os temas familiares (ponto em que se sai um pouco melhor), perde o ritmo na segunda metade e tem um desfecho pouco empolgante. São no mínimo estranhas as locações – certamente caríssimas – em Istambul e Paris para serem aproveitadas por pouquíssimos segundos dentro do filme.

Porém, é um entretenimento romântico, digno, e que, à exceção da cena do banheiro público (você vai identificar facilmente), não ofende a inteligência do espectador.

Ah, sim, claro… e tem aquela famosa cena de helicóptero que focaliza um carro passando por uma ponte e depois vai abrindo o enquadramento para mostrar o horizonte de prédios. Coisa mais obsessiva! Será que tem alguma lei no cinema americano que exige que esta tomada seja feita em todos os filmes?

Dica final: o ator que vive o pai de Aram é Art Garfunkel, ícone dos anos 70 e 80 com a dupla country pop Simon & Garfunkel. Pensei até que haveria uma cena para ele cantar “The Sound of Silence” no Central Park. Não rolou.