“MARGIN CALL” DEVE SER O REPRESENTANTE ADULTO DO PRÓXIMO OSCAR.

O subtítulo brasileiro de “Margin Call”, “O Dia Antes do Fim”, pode pressupor um filme de catástrofe. O que, de certa forma, ele é. Aqui, porém, o tema não está relacionado com tsunamis ou meteoros que se chocarão contra a terra, mas sim à “catástrofe” financeira que se abateu sobre os mercados financeiros internacionais, em 2008.

Tudo começa com uma cena crudelíssima que lembra muito “Amor sem Escalas”. Após 19 anos de serviços, o executivo Eric (Stanley Tucci) é sumaria e friamente despedido. Nada pessoal, apenas uma consequência de tempos poucos promissores, mesmo porque outros de seus colegas também estão sendo demitidos. Terminada a “faxina” do RH, outra cena cruel: o sub-chefe (Kevin Spacey) convoca uma rápida reunião “motivacional” com os funcionários remanescentes, e pede que todos aplaudam o fato de, agora, haver menos concorrência entre os que ficaram. Show de horrores do mundo corporativo.

Mas tudo isso é apenas uma breve introdução do que virá depois: o funcionário defenestrado estava a ponto de terminar um estudo que indicaria o tamanho da encrenca que a economia norte-americana estava para se enfiar. Verificados os números, instaura-se o pânico, e o filme acompanhará um grupo de executivos impotentes diante do inevitável caos que chegará implacável ao amanhecer. Uma verdadeira noite de horror sem gritos nem sangue, mas de uma tensão à beira do insuportável.

O resultado é um filme maduro e adulto, envolvente da primeira à última cena, e que extrai atuações soberbas de seu elenco irretocável capitaneado por Kevin Spacey e Jeremy Irons. Deve ser o “filme de gente grande” do Oscar 2012.