EM “JESUS DE NAZARÉ”, O HERÓI MORRE NO FIM.

Por Celso Sabadin.

Aproveitando a Semana Santa, a Europa Filmes lança nos cinemas uma versão comportada e didática da vida de Cristo, a produção espanhola “Jesus de Narazé – O Filho de Deus”, com o argentino Julián Gil no papel principal. O filme se concentra nos últimos dias de Jesus, mostrando de maneira episódica (e com uma narração em off quase escolar) aquelas famosas passagens que nos acostumamos a ver nas antigas produções hollywodianas: a tentação de Satanás (caracterizado igual àquele chefe do Darth Vader em “Star Wars”) a escolha dos principais apóstolos, a ressureição de Lázaro, a multiplicação dos peixes, a proteção a Madalena, a expulsão dos mercadores do templo, etc, etc… incluindo um estranho exorcismo que eu não me lembro de ter visto em nenhum dos filmes anteriores. Como não podia deixar de ser, a crucificação é o ponto alto.

Talvez a comunidade judaica não goste do fato do filme – assim como a polêmica versão de Mel Gibson – ter enfatizado com vigor que o sumo sacerdote judeu Caifás teria sido o grande e principal articulador da morte de Cristo, tirando das costas dos romanos o peso maior deste crime cometido sem provas, mas com convicção. Nada, contudo, que possa provocar uma reação mais fervorosa, posto que dificilmente este novo “Jesus de Nazareth” terá alguma força de persuasão sobre este antigo tema.

A fotografia e a produção não fazem feio, mas dramaturgicamente o filme é um sacrifício. Sem trocadilhos.