­­­­­­­­­­EXASPERANTE “LAMAÇAL” DE SENSAÇÕES.

Por Celso Sabadin.

Há filmes que nos prendem pela trama, pelo que acontece no enredo. Há filmes que nos prendem nem tanto pelo que acontece, mas pela forma como as coisas acontecem. E há filmes – como “Lamaçal” – com a incrível habilidade de nos prender pelo que pode acontecer, mas não necessariamente acontece.

Destilando com muito talento uma assustadora tensão crescente que chega às raias do insuportável, “Lamaçal” mostra dois casais que se encontram casualmente numa tranquila pousada em algum lugar do interior da Argentina. O casal mais novo é formado pelo argentino Pablo (Esteban Meloni) e a médica brasileira Raquel (Raquel Karro). Eles têm um filho pequeno, João (Rodrigo Silveira). O caladão Miguel (Gabriel Goity) e a falante Alicia (Gladys Florimonte) formam o casal mais velho, ambos também argentinos.

Na pousada, uma piscina. Um porco separado dos demais animais por devorar filhotes. Uma empregada que não diz uma palavra. Lá perto, um teleférico, uma estrada de cem curvas e uma montanha onde, dizem, pousam discos voadores. Adicione-se a todos estes elementos o famoso “terrível segredo do passado”, uma das mais eficazes ferramentas dramatúrgicas do cinema. Pronto! Tem início um suspense dramático que nos prende à poltrona da primeira à última cena. Quer todos os ingredientes sejam usados, quer não.

”Queria fazer um filme que incomodasse o espectador, porque é justamente esse desconforto que nos permite continuar falando sobre um tema tão necessário. Lamaçal é uma história biográfica e pessoal, que virou ficção”, comenta o roteirista e diretor Franco Verdoia.

Só posso dizer que, se a intenção dele foi incomodar, acertou 200%.

Coproduzido por Argentina e Brasil, “Lamaçal” estreia nesta quinta, 28/10, no Espaço Itaú de São Paulo e Rio de Janeiro, e no Cine Passeio, em Curitiba