“100 DIAS DE RESISTÊNCIA”: NADA É SUFICIENTEMENTE DISTANTE.

Por Celso Sabadin.

A contextualização é local e contemporânea. O tema é mundial e atemporal. “100 Dias de Resistência” mostra a história verídica de um grupo curdo que se rebela contra o autoritarismo do governo turco, que comanda uma limpeza étnica na região.

Não conhece a questão sócio-política que envolve curdos e turcos? O filme é uma ótima oportunidade para ampliar nossos horizontes. Acredita que tudo isso é um problema distante que não nos diz respeito? O filme é uma ótima oportunidade de reflexão para mostrar que nenhum problema mundial é “distante” o suficiente para não afetar a toda a Humanidade.  l

A história se passa em 2015, momento em que os guerrilheiros da resistência curda tentam quebrar o cerco turco de Sur, o coração histórico da cidade turco-curda de Diyarbakir. É ali que se desenvolve o que ficou conhecido como a batalha dos 100 dias, onde jovens idealistas – algumas dezenas de rapazes e moças – enfrentaram os tanques e exércitos turcos, defendendo suas identidades humanas e culturais. A produção é da Síria.

Por questões dramatúrgicas, o roteiro de Ersin Çelik – também diretor do filme – e Aysun Genç romantiza e humaniza os guerrilheiros, principalmente as ótimas personagens femininas, recurso mais que esperado e normalizado neste tipo de narrativa ficcional. E o faz com habilidade e competência, gerando empatias sem abusar do melodramático. Embora esbarre, em alguns momentos, numa certa superutilização da trilha musical.

O realismo obtido pelas cenas de ação é digno de nota, evitando a falsa espetacularização e a estilização gráfica e gratuita da violência.

 

Destaque: Haki e Servan, o Pirata, são sobreviventes reais do cerco, e interpretaram a si próprios no filme.

Disponível em www.cinemavirtual.com.br a partir de 19 de agosto.