12º. FESTIVAL LATINO DESTACA DUAS VIAGENS. UMA PARAENSE, OUTRA PAULISTA.     

Por Celso Sabadin.

 

PARA TER ONDE IR

Em “Para Ter Onde Ir”, o conhecido subgênero do road movie é transposto para o estado do Pará, onde três amigas bem diferentes entre si empreenderão uma viagem em busca de respostas. Eva (Lorena Lobato), decidida e pragmática, procura fazer contraponto à sonhadora Melina (Keila Gentil), constantemente à procura do amor. Entre ambas gravita Keithylennye (Anne Oliveira), mulher ao mesmo tempo simples e forte.

O roteiro é hábil em colocar estas três protagonistas à procura de soluções para problemas que, durante a maior parte da ação, permanecerão ocultos ao espectador, garantindo assim a atenção e até o suspense necessários para a manutenção do interesse. Dirigido de forma segura e sem pressa, “Para Ter Onde Ir” desfila gradativamente o encontro das personagens na medida em que explora o distanciamento da cidade grande, o ingresso no rural, a chuva, a mata, desembocando finalmente na praia, onde – talvez – estejam as tão esperadas respostas. Um fluxo narrativo bastante significativo para uma cultura eminentemente fluvial como a paraense.

Por vezes, percebe-se que a roteirista e diretora Jorane Castro – estreando aqui no longa de ficção – apaixona-se pelas situações que criou, e hesita em cortar momentos eventualmente muito longos, prejudicando um pouco o ritmo do longa. Mas nada que tire o brilho natural desta bela história de alma eminentemente feminina.

 

APTO 420

Já o paulista “Apto 420” propõe uma “viagem” diferente. Dirigido pelo paraibano Dellani Lima, o longa mistura ficção e documentário ao contar a história (ficcional) de Djalma (Henrique Zanoni), um rapaz que após ficar cinco anos isolado de tudo e de todos decide voltar para a capital, onde pretende escrever um certo “Almanaque da Maconha”. Com a finalidade de coletar dados para seu livro, Djalma entrevista vários especialistas da área. São estas entrevistas (reais, documentais) a grande força do filme. Nelas, levantam-se questões das mais interessantes como, por exemplo, o interesse do mercado em combater a maconha (que comprometeria a produtividade da mão-de-obra) e fomentar as drogas estimulantes, estas sim, benéficas à produtividade.

Já a parte ficcional que mostra o relacionamento do protagonista com seu grupo de amigos que se reúnem no tal apartamento 420 do título não é tão, digamos, estimulante.

Mesmo assim o filme é eficiente em sua proposta de defender a legalização da maconha, não só arregimentando várias argumentações convincentes para provar seu ponto de vista, como também utilizando-se de narrativas por vezes cômicas, por vezes dramáticas.

A programação completa do 12º Festival de Cinema Latino Americano está em www.festlatinosp.com.br