“CÃES SELVAGENS”: APENAS GROTESCO.

Por Celso Sabadin.

Patético. Ao tentar copiar os estilos (ambos ultrapasados, diga-se) de Tarantino e Guy Ritchie, Paul Schrader acaba fazendo um filme dos mais intragáveis e gratuitos. A ideia de transformar situações trágicas e violentas em comicidade requer um talento muito especial para funcionar bem na tela, talento este que passa a anos luz deste infeliz “Cães Selvagens”. Dirigido com mão pesada e agressividade gratuita, o filme, além de não funcionar com o pretenso humor a que se propõe, consegue alcançar altos níveis de asco e repulsa. Schrader não tem o humor inglês de Ritchie, nem o sarcasmo de Tarantino. É só grotesco mesmo, nada mais.

Para se ter uma ideia, “Cães Selvagens” começa com uma tentativa de extrair humor de um psicopata que mata sua ex-mulher a facadas para em seguida meter dois tiros na cabeça da própria filha (é o que faz o personagem de Williem Dafoe, a cara do seu Madruga neste filme). Uma tentativa que só causa pena tanto de quem filme como de quem pagou para vê-lo. Em vários momentos, a trilha sonora é tão sem sentido e mal colocada que – juro – achei que estava vazando som da sala de cinema ao lado, de outro filme que nada tinha a ver com o que eu estava vendo.

E como tudo o que é ruim sempre pode piorar, nas cenas finais há um monólogo interminável – e põe interminável nisso – no qual Nicholas Cage tenta imitar a voz de Humphrey Bogart. Nota-se que “Cães Selvagens” foi feito única e exclusivamente para chocar. Um lançamento dos mais infelizes que chega aos cinemas nesta quinta, 6 de abril.