A ALMA FEMININA DE “A ODISSEIA DE ALICE”.

Por Celso Sabadin.

Há mais de dez anos dividindo seu tempo entre as carreiras de atriz, roteirista e diretora de curtas, Lucie Borleteau estreia na direção de longas com “A Odisseia de Alice”, filme de 2014 que chega agora ao circuito brasileiro.

A Alice do título (Ariane Labed, melhor atriz em Locarno por este trabalho) é uma mulher diferente: a única engenheira entre os vários homens que compõem a tripulação de um cargueiro. E se o nome do navio é Fidelio (que também é o título original da obra), palavra que remete ao conceito de fidelidade, a protagonista é exatamente a sua contraposição: Adele não hesita em reviver um antigo romance a bordo, logo após deixar o namorado em terra. E tampouco se constrange em assumir a versão feminina do marinheiro machista, com um namorado em cada porto e uma transa em cada continente, como ela próprio admite. Sem abrir mão de sua feminilidade

“A Odisseia de Alice” foi escrito e dirigido por mulheres. A própria diretora desenvolveu o roteiro ao lado de Clara Bourreau e Mathilde Boisseleau, ambas também estreantes em longas. O resultado final soa hesitante. Se por um lado o filme acerta ao encarar com naturalidade e sem falsos espantos a posição atuante e determinante de uma mulher num ambiente historicamente masculino, por outro ele termina com a sensação de ter tido muito pouco a dizer.

Para manter o clima da ambientação, o filme ficou,  digamos, à deriva. A estreia foi em 9 de junho.