“A APARIÇÃO” MOSTRA INVESTIGAÇÃO NOS BASTIDORES DO VATICANO.

Por Celso Sabadin.

Lembra daqueles temas antigos, que parecem fora de moda no mundo contemporâneo, como amizade, lealdade, fé, etc? São eles que formam a base do filme “A Aparição”, longa francês escrito e dirigido por Xavier Giannolio, o mesmo de “Quando Estou Amando”.

O filme começa meio que num clima de “Código da Vinci”, com o Vaticano recrutando Jacques Mayano (Vincent Lindon), um conhecido fotógrafo de guerra, para ajudar nas investigações de um suposto caso de “aparição”. Cético e agnóstico, Jacques se unirá a uma equipe de especialistas para tentar verificar a veracidade – ou não – da história contada pela jovem Anna (Galatea Bellugi), que diz ter visto a Virgem Maria.

Se o leitor está pensando que o ceticismo de Jacques será vencido pela fé, provando a todos a sempre inexpugnável força da religiosidade – como acontece em vários roteiros – esqueça. O filme não vai por aí. Ainda bem! Num primeiro momento, “A Aparição” segue uma envolvente e intrigante linha investigativa apoiada nos bastidores do Vaticano, onde fatos e versões serão apresentados ao público, utilizando a sempre convincente atuação minimalista de Landon como fio condutor. A ação de aproveitadores da fé popular é um dos temas que não poderia ficar de fora. E não fica. Na medida em que as informações sobre o mistério se esclarecem, o bom roteiro mostra a que veio, entregando-se a uma bem resolvida questão na qual os valores humanitários individuais se sobrepõem à desgastada política de hipocrisia e ostentação das religiões.

Pode-se até questionar os motivos que levaram o Vaticano a contratar um repórter fotográfico para uma investigação deste tipo, ou até mesmo se incomodar com uma trilha sonora eventualmente excessiva, mas são pecados (sem trocadilho) menores para um filme que tem o poder de manter o espectador preso na poltrona por mais de duas horas.

Estreia em 9 de agosto.