“A ARTISTA E O LADRÃO” RELEVA OS LIMITES ENTRE FICÇÃO E DOC.

Por Celso Sabadin.

Como eu gosto de ver filmes, na medida do possível, sem saber absolutamente nada sobre eles, durante a primeira meia hora de “A Artista e o Ladrão”, fiquei na dúvida se estava assistindo a uma obra de ficção ou a um documentário. Passados estes primeiros 30 minutos, tive a certeza: ficção. Mais meia hora depois, fiquei em dúvida novamente: seria documentário? Nos últimos minutos da trama, veio finalmente a certeza: é ficção. Ao pesquisar sobre o filme para escrever este texto, vejo que ele é classificado como documentário.
Em suma: é cada vez mais difícil – talvez até inútil – tentar fazer esta distinção. no cinema contemporâneo.

A história – verídica – mostra o estranho e vigoroso processo de amizade e admiração que se desenvolve entre a artista plástica tcheca Barbora Kysilkova e o homem que roubou dois de seus quadros de uma galeria: o norueguês Karl-Bertil Nordland.
O projeto do diretor também norueguês Benjamin Ree era, a princípio, registrar este improvável relacionamento em um curta documental, mas seus planos mudaram durante a filmagem da cena mais intensa da obra: o emocionante momento em que Karl se vê retratado em uma pintura, pela primeira vez em sua vida. A partir daí, optou-se por registrar o relacionamento dos protagonistas, e as filmagens se estenderam entre 2016 e 2019.
O resultado é um belíssimo e intrigante estudo sobre amizade, sentimentos, dependências e artes plásticas, tudo sob uma direção de extremas elegância e sutileza.

Colecionador de dezenas de prêmios e indicações em eventos internacionais (incluindo o Especial do Júri em Sundance), “A Artista e o Ladrão” estreou na última sexta, 7 de maio, nas plataformas digitais, Claro Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes / Apple TV, Google Play e YouTube Filmes, para compra e aluguel.

Mas pra mim é ficção…