A ATMOSFERA MAGNÉTICA DO NOVO “NOSFERATU”.

por Rafael G. Bonesi.

Dirigido por Robert Eggers, “Nosferatu” se prova um projeto de muita paixão do diretor, que afirmou em entrevistas recentes ter começado a fazer cinema a partir do encanto que teve pelo filme original de 1922.

Contando a história do famoso vampiro que aterroriza uma jovem da Alemanha no século XIX, o longa é um épico equivalente a uma Odisséia do terror, com uma história dividida em momentos distintos e marcantes que constituem o todo.

Ao se deparar com uma narrativa tão complexa, era necessário criar um clima imersivo, ou a compreensão do espectador poderia ser facilmente perdida, mas isso não foi problema para Eggers, que já abre a história com uma cena intensa que consegue capturar a curiosidade do público rapidamente. Manter a mesma atmosfera sombria ao longo do filme foi natural, conduzindo o emocional do público com maestria.

As performances são excelentes, com Lily-Rose Depp interpretando a protagonista Ellen Hutter no equilíbrio correto entre o mistério e o carisma, fazendo uma personagem que nos deixa aflitos sem perder nosso carinho. O trabalho de Bill Skarsgård como o vampiro Nosferatu é hipnotizante, com uma transformação completa de voz e corpo, o tornando uma figura emblemática e completamente aterrorizante, sem sequer vermos seu rosto.

Eggers segue a assinatura de suas obras com planos que poderiam ser comparados a pinturas góticas, com uma mise en scène que posiciona os elementos e ações de maneira que se torna indiscutível a intenção por trás da imagem, causando medo e esperança nos momentos desejados, sem grande esforço.

“Nosferatu” é um terror imersivo que controla os sentimentos do espectador na medida correta, trazendo uma potência maior para sua atmosfera, uma evidência da evolução constante de Robert Eggers enquanto cineasta, criando essa obra imersiva e marcante, que deixa um gosto deliciosamente amargo na boca e abre esse novo ano com uma grande estreia.