“A AVENTURA DE KON-TIKI” MOSTRA A SAGA DO THOR VERDADEIRO.

Dizem que aproximadamente 4 mil novos longas metragens são feitos a cada ano, em todo o mundo. Não sei se o número é este mesmo, mas, de qualquer maneira, haja história, haja inspiração para tanto roteiro! Assim, é muito bem-vinda a ideia do filme “A Aventura de Kon-Tiki’, que foi buscar sua inspiração num fato acontecido em 1947 com um pesquisador norueguês.

O sujeito em questão é Thor Heyerdahl, cientista que viveu vários anos na Polinésia, onde desenvolveu uma interessante teoria: o arquipélago teria sido habitado, 1.500 anos atrás, não por tribos de origem oriental, como se pensava, mas por índios vindos do que hoje se conhece como Peru. A ideia é prontamente questionada por autoridades do mundo científico, pois o Peru fica a cerca de 8 mil quilômetros da Polinésia. Como e por que eles teriam empreitado uma viagem tão longa, em plena imensidão do Oceano Pacífico? Mas Thor está disposto a tudo para provar sua teoria. Inclusive juntar cinco amigos tão loucos como ele, construir uma pequena embarcação nos mesmos moldes de 15 séculos atrás, e ele próprio refazer a inusitada viagem. Esta é a história real que o filme mostra.

Produzido pela Noruega, Dinamarca, Suécia, Alemanha e Inglaterra, o filme é caprichado em todos os sentidos: direção de arte, reconstituição de época, interpretações, trilha sonora, fotografia, efeitos especiais. E opta claramente pela narrativa clássica e direta das grandes aventuras tradicionais, com tudo o que se tem direito: o herói desacreditado, sua obstinação, a luta contra o conformismo, os perigos colocados em momentos estratégicos do roteiro, a lição de moral no final. Tudo conforme reza a cartilha. Convencional, sem dúvida, mas muito competente e bom de se ver.
Tanto que os produtores filmaram “A Aventura de Kon-Tiki” simultaneamente em duas versões, com os mesmos atores: uma falada em norueguês, para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro, e outra falada em inglês, já visando o mercado internacional. Meio que deu certo, pois o filme foi indicado ao Oscar, Globo de Ouro e Satellite, sempre na categoria de filme estrangeiro.

Três anos após a travessia, o próprio Thor dirigiu um documentário em longa metragem sobre a sua saga. E com ele ganhou o Oscar da categoria. O feito de Thor Heyerdahl é até hoje cultuado na Noruega, que mantém inclusive um museu sobre a expedição.

“A Aventura de Kon-Tiki” pode não ser um grande filme, mas eu fiquei sabendo de uma grande história.