“A BRIGADA DA CHEFE” E OS SALVADORES BRANCOS.

Por Celso Sabadin.

O polêmico conceito do “white savior” está de volta em “Brigada da Chefe”, um dos últimos lançamentos cinematográficos deste não menos polêmico 2022.

A ideia está longe de ser uma novidade no cinema, embora a popularização de sua rotulação – “white savior” – seja relativamente recente. A tradução literal seria algo como “o branco salvador”, e diz respeito àquele tipo de história na qual os personagens de origem étnica supostamente minoritária e/ou inferiorizada só conseguem obter sucesso ou salvação em suas vidas se conduzidos pelo suposto impecável bom senso ético-organizacional e estruturado dos personagens brancos. Há pencas de filmes assim na História do Cinema, incluindo o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos: “Avatar”.

“A Brigada da Chefe” também vai por aí. A protagonista é Cathy Marie (Audrey Lamy), prestigiada chef de cozinha que está prestes a abrir seu próprio restaurante, mas sofre um revés profissional após se desentender com outra chef, mais poderosa e mais midiática. Resta-lhe apenas o consolo de um emprego numa ONG de apoio a jovens refugiados, capitaneada por Lorenzo (François Cluzet, de “Intocáveis”).

O restante da história não é difícil de imaginar. Caberá à dupla branca formada por Cathy Marie e Lorenzo superar todas as dificuldades para extrair todo o potencial do grupo negro e muçulmano dos rapazes refugiados, que, de acordo com a premissa do filme, estaria socialmente desajustado sem seus salvadores brancos. Tudo sempre em ritmo de comédia ligeira, para temperar melhor a mensagem.

O argumento e o roteiro de “A Brigada da Chef” são da escritora e documentarista Sophie Bensadoun, em colaboração com Liza Benguigui e com o próprio diretor do filme Louis-Julien Petit. A estreia nos cinemas brasileiros é em 29 de dezembro.