A COMPETITIVIDADE EXTREMA DO RUSSO “NA PONTA”.

Por Celso Sabadin.

Quando a gente fica sabendo que o Festival de Cinema Russo no Brasil está exibindo um filme chamado “Na Ponta”, não dá outra: imediatamente pensamos na ponta de uma sapatilha de uma dançarina do tradicionalíssimo Balé Bolshoi. A associação de ideias é imediata. Bom, pelo menos para mim. Vale dizer que eu errei fragorosamente: a ponta, aqui é outra.

O filme é livremente baseado numa suposta rivalidade entre duas grandes esgrimistas da equipe olímpica da Rússia que se preparam para participar das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Por que “livremente” e por que “supostamente”? Porque “Na Ponta” não se propõe a ser um registro documental dos fatos, e os nomes das protagonistas não correspondem exatamente aos nomes das atletas que os registros desportivos apresentam. Ou seja, o ideal aqui é esquecer a realidade e embarcar mesmo na ficção, ainda que o pano de fundo seja, de fato, as Olimpíadas no Rio.

O grande embate de “Na Ponta” é a boa e velha representação cinematográfica da juventude contra a maturidade, da rebeldia contra a experiência, da intensidade de quem está começando contra a consternação de quem está se retirando. Tudo centralizado na alegada  melhor esgrimista de sabre do mundo, Alexandra Pokrovskaya (vivida por Svetlana Khodchenkova), que se prepara para a sua última Olimpíada. Antes de ir ao Rio, porém, a consagrada Alexandra terá de competir internamente com a novata Kira Egorova (Stasya Miloslavskaya) jovem que vem do interior da Rússia repleta de audácia e atrevimento. Tudo dentro do clima da mais intensa competitividade do universo esportivo profissional, com direito a manipulação machista explorando os sentimentos femininos (pensando bem, poderia ser um filme sobre o Bolshoi, também).

Ainda que clássico e tradicional, o roteiro de “Na Ponta” é assinado por uma verdadeira equipe de escritores, que inclui Aleksandr Egorov, Igor Gordashnik, Mikhail Kakuberi, Anton Sheenson e Anna Sobolevskaya, além do próprio diretor, Eduard Bordukov, aqui em seu segundo longa para cinema.

Indicado a três prêmios técnicos no Águia de Ouro (a principal premiação do cinema russo), “Na Ponta” está na programação da segunda edição do Festival de Cinema Russo no Brasil em sessões gratuitas transmitidas pela Supo Mungam Plus, em parceria com a Spcine Play, pelo link www.spcineplay.com.br