A COMPLEXA SIMPLICIDADE DE “MÃE SÓ HÁ UMA”.

Por Celso Sabadin.

Se você vê muitos filmes e teve uma estanha sensação de dejà vu ao assistir a “Mãe Só Há Uma”, não há motivos de preocupação. Há uma cena do filme que é uma assumida homenagem/referência, chame como quiser, a um dos episódios do longa “O Que se Move”, da mesma produtora.  E tudo gira em torno de um caso real de 2002, quando veio à tona um sequestro de bebês acontecido em 1986, em Brasília.

Independente de suas referências, o que se pode dizer sobre “Mãe Só Há Uma” é que a diretora Anna Muylaert acertou novamente. Depois de “Durval Discos”, “É Proibido Fumar” e “Que Horas Ela Volta?”, Anna se mostra uma cineasta cada vez mais madura, segura e hábil na operação das ferramentas cinematográficas. Seu estilo intimista, minimalista, recheado de emoções que ficam presas na garganta, e que extrai o máximo de qualidade do elenco, se assemelha ao que de melhor se faz na produção europeia, e não raro tangencia com as realizações dos irmãos belga Dardenne.  Até o protagonista Naomi Nero lembra fisicamente o ator francês Louis Garrel (por sinal, filho de Phillipe, mesmo nome do personagem que interpreta) . E tudo isso sem abrir mão de uma certa brasilidade intrínseca, que permeia toda sua obra.

O resultado é um filme que acena com uma falsa simplicidade, mas que permanece nos corações e mentes do público revelando várias camadas de leitura e reinterpretações a respeito de nossas próprias identidades.

Estreia em 21 de julho.