“A DATILÓGRAFA” ESCANCARA ROMANTISMO FRANCÊS.

Saudades dos velhos filmes Sessão da Tarde, estilo Doris Day e Rock Hudson? Então não deixe de ver “A Datilógrafa”, produção francesa que, escancaradamente, desde os seus créditos iniciais repletos de grafismos, homenageia as famosas comédias românticas americanas dos anos 50.

E, não por acaso, o filme se passa em 1958, momento em que a jovem Rose Pamphule (Deborah François) decide sair da casa dos pais para tentar a vida na cidade grande. E qual seria o maior sonho de uma garota moderna nos anos 50? Tornar-se secretária, é claro! Mesmo sem o traquejo urbano suficiente para ser uma boa secretária, a destrambelhada menina interiorana tem um talento logo percebido pelo seu chefe Louis (Romain Duris, de “Albergue Espanhol”): ela é rapidíssima nos teclados de uma máquina de escrever (máquina de escrever, lembram?).
A partir daí, Rose e seu patrão vão desenvolver um relacionamento que envolverá, além do simples romance, antigos traumas familiares de Louis.

Claro que não há grandes pretensões neste delicioso e escancarado romance francês com sabor de filme americano. Mas, mesmo assim, “A Datilógrafa” oferece interessantes subleituras que o colocam um ponto acima de uma comédia qualquer. Como, por exemplo, a tensão latente e constante entre o “americano libertador” da 2ª Guerra Mundial, contra o “francês passivo” que não teria assumido seu papel no conflito de maneira mais contundente. O pai dominador de Louis, que jamais aceita o segundo lugar, também é um personagem dos mais interessantes que ajuda a fazer de “A Datilógrafa” um programa palatável e de altíssimo astral.

De quebra, uma reconstituição de época de encher os olhos e uma trilha sonora sem medo de ser romântica completam este promissor filme de estreia de Régis Roinsard.