A DELICADEZA ORIENTAL DE “SUK SUK – UM AMOR EM SEGREDO”.

Por Celso Sabadin.

Existem filmes que conquistam o coração da gente “só” por causa de um “detalhe”: sutileza. A questão é que este tipo de “detalhe” está cada vez mais difícil de ser encontrado, não só no cinema como na vida como um todo. Sutileza, sensibilidade, poesia são elementos cada vez mais raros nesta nossa contemporaneidade gritada na qual as percepções se mostram cada vez mais entupidas e abertas apenas ao que é escancarado.

Assim, dizer que “Suk Suk – Um Amor em Segredo” é um filme sobre o amor na terceira idade é verdade. É real. Mas é imperfeito, pois o longa é muito mais que isso.Selecionado para a Mostra Panorama do Festival de Berlim, “Suk Suk – Um Amor em Segredo” aborda o relacionamento amoroso entre o taxista Pak (Ti-Bo) e o aposentado Hoi (Ben-Yuen). O maior problema reside no fato de Pak não assumir sua homossexualidade, preferindo manter uma vida de aparências junto à família, enquanto Hoi se mostra mais disposto e aberto para o amor entre ambos.

Falando assim, pode até parecer que “Suk-Suk” é apenas mais um filme como tantos outros feitos sobre este tema tão importante. Não é: os olhares, os silêncios, os tempos e as habilidades poético-narrativas do longa o colocam acima da média do que geralmente se faz no gênero.

Produzido em Hong Kong, “Suk-Suk” tem colecionado dezenas de prêmios e indicações pelos festivais por onde passa. É o terceiro longa do roteirista e diretor Ray Yeung.

Apenas mais duas considerações finais: não comece a ver o filme se estiver com fome. Os personagens passam metade do tempo almoçando ou jantando, e a comida parece ser uma delícia! E não compreendi o título “Suk Suk”: não sou bom em idiomas orientais… e não pode ser o que eu estou pensando, né?