A DOCE INGENUIDADE DE “OS NOSSOS FANTASMAS”.

Por Celso Sabadin.

Tem dias que o que a gente mais quer da vida (ou, pelo menos, do cinema) é ver uma daquelas comédias românticas açucaradas em que a gente já sabe, desde a primeira cena, que tudo vai dar certo no final. Para estes dias em que não aguentamos mais ver tanto filme violento, político e/ou existencial, a indicação é “Os Nossos Fantasmas”, em cartaz no 16º Festival do Cinema Italiano.

Os “fantasmas” do título são Valerio (Michele Riondino) e seu filho de seis anos, Carlo (Orlando Forte). Sem ter como pagar aluguel, eles moram escondidos no sótão de um apartamento. Quando o tal apartamento está vago, à espera de um locador, eles saem do sótão e ocupam todo o espaço. Quando está alugado, eles utilizam pequenos truques para “assombrar” o lugar e afugentar seus moradores.

O golpe funciona bem até o momento em que o apartamento é alugado por Myriam (Hadas Yaron) e sua filhinha Emma. E elas têm problemas maiores que fantasmas para se preocupar.

Sim, é inegável que o fato de Valerio convencer seu filho que bancar o fantasma é apenas um joguinho, uma brincadeira, para que assim o garoto não perceba a gravidade da situação de ambos, remete diretamente ao também italiano “A Vida é Bela”, mas, tudo bem. Afinal, “Os Nossos Fantasmas” é um daqueles filmes que a gente assiste com o senso crítico um pouco menos aguçado, para poder aproveitar melhor a sua doce e bem-vinda ingenuidade.

Com roteiro de duas mulheres – Giuditta Avossa e Francesca Scialanca – em parceria com o próprio diretor, Alessandro Capitani, “Os Nossos Fantasmas” é um dos destaques do 16º Festival de Cinema Italiano. O evento tem exibições presenciais até 12 de novembro no cine Belas Artes, em São Paulo, e exibições online e gratuitas até 5 de dezembro em https://festivalcinemaitaliano.com