A FINITUDE DA VIDA EM DOIS FILMES FRANCESES EM CARTAZ.

“A Fanfarra” e “Uma Bela Vida” estão em cartaz em cinemas brasileiros.  

Por Celso Sabadin.

Que vamos morrer, todos nós sabemos. E de uma forma geral levamos a vida sem pensar muito nisso. Mas quando esta inevitável fatalidade se apresenta com uma incômoda proximidade, tudo muda de figura.

De duas maneiras bem diferentes, dois filmes em cartaz em nossos cinemas abordam a questão: “A Fanfarra” e ….

Produzido pela França, “A Fanfarra” opta por uma abordagem mais leve do assunto, esbarrando na comédia e mantendo o drama em registro quase romântico. O roteiro de Irène Muscari e Emmanuel Courcol (também diretor do filme) replica a conhecida estrutura de contrapor dois protagonistas bem diferentes entre si que vão passar pelas devidas e necessárias mudanças com o propósito de se transformarem em pessoas melhores.

É o tal do “arco dramático”, não muito criativo, mas que geralmente funcional.

As personalidades conflitantes, no caso, são o internacionalmente famoso maestro Thibaut (Benjamin Lavernhe) e o humilde operário Jimmy (Pierre Lottin), diametralmente opostos entre si, mas com o amor pela música em comum. Thibaut descobre estar com leucemia, e Jimmy pode ser sua única solução, Como e por que? Só vendo o filme.

“O que mais importa, seja qual for o filme, são os personagens e sua humanidade. E todo esse lado humano que me é caro e que você encontra lá é particularmente tocante e inspirador. Porque eu adoro histórias e especialmente aqueles que as dão vida: os personagens”, revela o diretor.

“A Fanfarra” foi indicado a 7 prêmios César. Não levou nenhum, mas acabou ganhando o troféu de melhor filme pelo público do Festival de Cinema de San Sebastian. Levou 2,6 milhões de franceses ao cinema e também fez sucesso no Festival Varilux.

 

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Já “Uma Bela Vida”, ainda que também enfocando o tema da morte, tem uma pegada bastante diferente de “A Fanfarra”.

Entrando em sua quarta semana em cartaz, e já tendo levado mais de 20 mil pessoas aos cinemas aqui no Brasil, o filme é nada menos que o 23º longa para cinema dirigido por Constantin Costa-Gravas, mundialmente aclamado por “Z, “Estado de Sítio” e “Desaparecido – Um Grande Mistério”, entre tantos outros.

Aqui a narrativa segue por um caminho inusitado, tangenciando o documental e aproximando-se (perigosamente, eu diria) do institucional.

O roteiro é baseado no livro do jornalista e ensaísta Régis Debray e do médico Claude Grange denominado “Le Dernier Souffle” (o último suspiro, título original do longa). Na tela, acompanhamos  o encontro do filósofo Fabrice (vivido por Denis Podalydés) e do Dr. Augustin (interpretado por Kad Merad), médico especializado em cuidados paliativos. Tudo gira em torno das explicações e vivências que o médico expõe ao filósofo a respeito da importância que todos deveríamos ter em nossos momentos finais. Participações especiais Charlotte Rampling, Hiam Abbass, Ángela Molina, Karin Viard, Kad Merad, Denis Podalydès, Agathe Bonitzer, Marilyne Canto, Namory Bakayoko, Jade Phan-Gia, Virginie Sibalo e Maria McClurg tentam amenizar o assunto.

Vida e morte se encontram no filme através dos prismas da medicina e da filosofia.

Também produzido na França, “Uma Bela Vida” concorreu no Festival de San Sebastian de 2024.