“A GAROTA OCIDENTAL” E O PARADOXO DE UM MUNDO DIVIDIDO.

Por Celso Sabadin.

Dois temas muito presentes na atual pauta das relações humanas se juntam em “A Garota Ocidental”: o empoderamento feminino e as discussões culturais envolvendo a religião muçulmana.  É neste explosivo contexto deste nosso tumultuado século 21 que  Zahira (Lina El Arabi, em boa estreia no cinema), uma jovem francesa de família paquistanesa, tenta viver com liberdade numa França plural. Se de um lado a garota se vê como parte atuante de uma realidade urbana e ocidental, por outro as  sufocantes pressões familiares assumem proporções insuportáveis, numa cultura na qual a hipocrisia das aparências e o peso das das tradições milenares superam a tão contemporânea individualidade. No paradoxal mundo de Zahira, a corda terá de necessariamente arrebentar de um lado.

O tema está longe de ser novidade no cinema – principalmente no francês – mas a direção sóbria, segura e eficiente do belga Stephan Streker (um critico de cinema e reporter esportivo que virou cineaste, vejam só) supera esta questão, fazendo de “A Garota Ocidental” um drama envolvente e comovente, inspirado num caso real.

Coproduzido por Bélgica, Paquistão, Luxemburgo e França, o filme foi selecionado para os festivais de Roterdam e Istambul, e  estreia nesta quinta, 22/06 . A lamenter apenas o piegas e totalmente desnecessário subtítulo em português, “Entre o Coração e a Tradição”, para um filme que se chama, no original, “Casamento”.