A GENIAL MISTUREBA DE GÊNEROS DE “COLOSSAL”.

Por Celso Sabadin.

Uma garota não se adapta à vida na cidade grande e decide voltar para sua cidade natal, no interior dos Estados Unidos. Enquanto isso, um monstro enorme destrói o centro de Seul. O que tem a ver uma coisa com a outra? Respostas, só vendo “Colossal”, inusitada coprodução entre EUA, Canadá, Espanha e Coreia do Sul.

Escrito e dirigido pelo espanhol Nacho Vigalondo, o filme bebe na fonte de uma das grandes lições que o cinema sulcoreano tem apresentado ao mundo nos últimos anos: a mistura de gêneros. Não é de hoje que grandes cineastas daquele país têm quebrado sem a menor cerimônia as antigas barreiras invisíveis que teimavam (e ainda teimam) em departamentalizar cada um dos gêneros cinematográficos em teimosas gavetinhas de comportamentos.  “Colossal” abre e mistura as gavetas, borrando as fronteiras entre romance, drama, ficção científica, horror, o que seja.

O resultado traz um frescor criativo poucas vezes visto no engessado cinema comercial atual, ao mesmo tempo em que certamente provocará estranheza entre os paladares cinematográficos mais conservadores. O importante aqui é abandonar as racionalidades e embarcar numa fascinante história contada em ritmo de fábula para adultos, onde a lógica deve abrir espaço para a fantasia.  Sem abandonar a crítica social, pois afinal estamos falando de um filme no qual a destruição de uma metrópole oriental é acompanhada no ocidente como se fosse um importante play-off de basquete ou futebol, com direito a torcida e muita pipoca. É o apocalipse via satélite.

Esta não é a primeira vez que Vigalondo faz um filme coproduzido com os EUA e estrelado por astros norte-americanos. Presença constante em festivais de cinema fantástico, seu trabalho anterior, “Perseguição Virtual”, também foi feito na América do Norte, e teve Elijah Wood no elenco, mas não chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros.

A escolha de Anne Hathaway para o papel principal de “Colossal” foi das mais acertadas, já que a atriz se mostra capaz de dar credibilidade às cenas mais incrivelmente absurdas. A estreia é nesta quinta, 15 de junho.