“A HORA DO ESPANTO” É UM TERROR DIGNO COM SEU ANTECESSOR.

A pergunta é sempre a mesma: vale a pena refazer filmes de sucesso? Para os produtores, geralmente, sim. Eles já vão para o mercado com a vantagem de trabalhar um título conhecido, e contam com a certeza de um bom volume de mídia gratuita, já que as comparações serão inevitáveis. E isso sempre dá matéria. Já para a chamada Cinefilia, ou seja, para o prazer de quem curte cinema, geralmente não, pois também é praticamente inevitável que o remake já nasça com um sabor requentado.

Este novo “A Hora do Espanto”, versão 2011 do terror homônimo de 1985, reacende a questão. Vale a pena? A boa notícia é que o filme é digno para com seu antecessor. Consegue segurar um bom clima de suspense e terror durante toda a trama, traz um humor equilibrado nos momentos adequados, trabalha com um elenco eficiente e homogêneo, e ainda faz do sempre bom Colin Farrell um vampiro dos mais críveis e descolados.

Mas, claro, a história carece de originalidade. Charlie (o jovem russo Anton Yelchin, que viveu Chekov em “Star Trek” ) é um adolescente igual a milhões de outros, que namora a bela Amy (a inglesa Imogen Poots), estuda numa escola igual a milhares de outras e mora numa rua idêntica a bilhões de outras. Mas com um senão: ele tem tudo para acreditar que o vizinho Jerry (Colin Farrell) é um vampiro, responsável pelo sumiço de vários de seus colegas de escola. Incluindo o amigão de infância Ed (Christopher Mintz-Plasse, que estreou em “Superbad”, em ótimo papel.

O resto você já sabe. Ou, pelo menos, quem viu o original já sabe.

Se por um lado este novo “A Hora do Espanto” não vai entrar na lista do melhores terrores dos últimos anos, por outro lado ele também não faz feio. Funciona como um entretenimento de qualidade, e se preocupa mais com a criação de clima que com sustos fáceis. Um certo excesso musical cansativo, típico do gênero, acaba sendo compensado por uma ótima direção de atores, nivelada por cima. E com uma pequena surpresa: o motorista que se envolve num violento acidente com o carro de Charlie e sua mãe (e que acaba tendo seu pescoço chupado) é Chris Sarandon, o vampiro do filme original, aqui numa rápida participação.

Esta inusitada coprodução, que une EUA e Índia, não foi bem recebida no mercado norte-americano, onde faturou pouco mais da metade do seu custo estimado de US$ 30 milhões.