A INCRÍVEL VIAGEM SENSORIAL DE “VIVER LÁ”.

por Celso Sabadin.

O que é um pontinho laranja no meio de um deserto chileno? É um dos criadores de cabras do belíssimo documentário “Viver Lá”. A piadinha é bem quinta série, mas se justifica. Coproduzido por Uruguai e Brasil, “Viver Lá” é uma inebriante viagem sensorial por um universo rural onde a o ser humano se transforma em pontinhos quase imperceptíveis diante da exuberância de uma natureza em constante mutação.

Filmado na vila de Totoral, o filme propõe um mergulho numa realidade muito estranha para nós, urbanos. E potencializa esta proposta alongando tempos de cenas e de fades, privilegiando os silêncios e proporcionando enquadramentos encantadores que ratificam de forma incontestável a pequenez do humano.

São cores e texturas de rara delicadeza que emolduram um cotidiano que parece congelado no tempo e no espaço, ao mesmo tempo em que invocam imensidões e infinitudes que os nossos olhares irremediavelmente limitados pelos skylines de alvenaria já não alcançam mais.

Longa de estreia da diretora Javiera Veliz Fajardo, “Viver Lá” é outro horizonte. Seu título original é “Vivir Allí No Es el Infierno Es el Fuego del Desierto La Plenitud de la Vida Quedó Ahí Como un Árbol”.