A INTENSA VIAGEM DE “LIMONOV: O CAMALEÃO RUSSO”.
Por Celso Sabadin.
Grandioso, desenfreado, hiperbólico, às vezes verborrágico, talvez um pouco pretensioso. Assim é “Limonov, o Camaleão Russo”, longa selecionado para a Mostra Competitiva de Cannes 2024 que estreia nesta quinta-feira, 17/04, em cinemas por aqui no Brasil.
A equipe do filme é uma verdadeira reunião da ONU. O diretor e corroteirista Kirill Serebrennikov (o mesmo do ótimo “A Esposa de Tchaikovsky”) é russo. Os outros dois roteiristas são Pawel Pawlikowski (polonês) e Ben Hopkins, que nasceu em Hong Kong. A trama é baseada no livro do francês Emmanuelle Carrère, enquanto a realização do longa foi empreendida por produtoras da Itália, França e Espanha. O ator principal, Ben Whishaw (o atual personagem Q, de 007), é inglês, e o filme é falando neste idioma.
O ponto de partida é a incrível trajetória verídica do russo Eduard Veniaminovich Limonov, escritor, poeta, jornalista, ativista político, mordomo, mendigo, radical… enfim, uma vida talvez complexa demais para caber num único filme. E – também talvez – esta tenha sido a principal dificuldade de “Limonov, o Camaleão Russo”.
A alucinante sucessão de fatos e sentimentos que compõem a vida do protagonista explodem na tela em narrativas céleres que desfilam desde extensos textos explicativos e profusões de datas a encantadores planos sequência estilizados por vezes em registros teatrais.
Tamanha diversidade de estilos pode ser percebida também como um simbolismo da própria prodigalidade da vida do biografado.
É um filme bastante exigente para com seu público.
Ah, o próximo filme de Kirill Serebrennikov será “The Disappearance of Josef Mengele”, tema que sempre tangencia o Brasil. Sua estreia mundial está prevista para o próximo Festival de Cannes, que estreia agora em maio.
Quem dirige
Kirill Serebrennikov iniciou sua carreira como diretor de teatro e cinema na década de 1990. Seu estilo de direção e jeito de contar as histórias, aborda questões sociais e políticas na maioria de seus filmes. Entre eles, os mais notáveis são Leviathan (2014), A Esposa de Tchaikovsky (2022) e Limonov: O Camaleão Russo (2024). Serebrennikov também fundou o centro teatral Gogol Center em Moscou e enfrentou dificuldades políticas, sendo preso em 2017.

