A INTOLERÂNCIA ATUAL DE “SOBIBOR”.

Por Celso Sabadin.

Quem conhece mais de perto a história da Segunda Guerra (e também os fãs de cinema) já estão familiarizados com a palavra Sobibor. Em 1987, o filme “Fuga de Sobibor” foi o primeiro a retratar o histórico episódio acontecido num campo nazista de prisioneiros. Quem não conhece, tem agora uma ótima oportunidade para conhecer: já está em cartaz nos cinemas a coprodução entre Rússia, Alemanha, Lituânia e Polônia “Sobibor”, longa que representou os russos na busca pelo Oscar de filme estrangeiro.

A partir de acontecimentos históricos, a obra relata os horrores do campo de extermínio que dá nome ao filme, onde prisioneiros eram recepcionados por mensagens de alto-falantes que lhe prometiam “uma nova vida”, e em seguida levados para um “banho” anunciado como preventivo de doenças. Na verdade, sem ter o menor indício nem a menor consciência do que estaria por vir, milhares de homens, mulheres e crianças – todos civis – eram encaminhados para duchas de gases mortais desenvolvidas pelos nazistas especialmente para o extermínio.

Sim, haverá uma tentativa de fuga (o título filme de 1987 já entrega isso), mas se ela será ou não bem sucedida, se ela será ou não de alguma forma redentora, não é o ponto central do roteiro desenvolvido por Michael Edelstein, Anna Tchernakova e Ilya Vasiliev . “Sobibor” se destaca por revelar o cotidiano do horror do campo, suas estruturas de poder, mecanismos de corrupções e favorecimentos, além, é claro das loucuras e terrores que até hoje soam impossíveis de terem acontecido, tamanhas brutalidade, insanidade e crueldade do evento que beira o desumano e o animalesco.

“Sobibor” marca a estreia na direção cinematográfica de Konstantin Khabenskiy, que vive também o papel de Alexander Pechersky. Destaque ainda para Christopher Lambert (o eterno Highlander), que andava meio distante dos nossos cinemas, aqui no papel de Karl Frenzel.

O filme é vigoroso e – infelizmente – cada vez mais atual nos tempos de intolerância em que hoje vivemos.