“A JORNADA DE JHALKI” DENUNCIA TRABALHO ESCRAVO INFANTIL.

Por Celso Sabadin.

Muitas vezes o que um filme tem a dizer é tão importante que convém relevar as eventuais fragilidades deste próprio filme. É o caso da produção indiana “A Jornada de Jhalki”, uma forte denúncia contra o tráfico de crianças que acontece em proporções astronômicas na Índia (e não só lá), narrado cinematograficamente com a costumeira ingenuidade típica da produção do país.

Inspirado em história real, “A Jornada de Jhalki” fala da luta da garota do título (a estreante Aarti Jha, que segura o filme) que tenta resgatar seu irmão de 7 anos, vendido pelos próprios pais. Ela sai de seu pequeno vilarejo – do qual nem sabe o nome – para uma cidade maior, onde o garoto é submetido a trabalho escravo. Ali, totalmente sozinha, Jhalki se inspira numa canção infantil sobre a teimosia e a perseverança de um pardal em busca do grão de comida perdido para unir as forças necessárias à sua jornada. Não por acaso, o título internacional do filme é “150 Million Magical Sparrows”, ou 150 milhões de pardais mágicos.

Sim, há canções, sim há momentos de direção ingênua, sim há aquele traço cultural da narrativa indiana que se aproxima – na nossa visão – da dramaturgia telenovelística mexicana, mas nada que empane a grandeza da empreitada: denunciar a situação das cerca de 150 milhões (quase um Brasil inteiro) de crianças indianas submetidas à exploração da escravidão.

Inevitavelmente, “A Jornada de Jhalki” acaba sendo também um veículo de divulgação do trabalho de Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz em 2014 pela sua atuação na área dos direitos da criança. De acordo com o filme, Satyarthi teria atuado diretamente na libertação de cerca de 96 mil crianças do trabalho escravo. Faltam ainda 149.904.000.

Vencedor de diversos prêmios internacionais, “A Jornada de Jhalki” chega na plataforma Cinema Virtual dia 11 de fevereiro.