“A JOVEM RAINHA” DESPERDIÇA BOA PERSONAGEM.

Por Celso Sabadin.

 

“A Jovem Rainha” é o típico caso de filme que fica aquém das possibilidades da história que ele conta. A partir da polêmica trajetória verídica da Rainha Kristina, da Suécia, o roteiro traça o retrato de uma protagonista forte, revolucionária para a sua época, e que justamente por isso sofreu todos os tipos de pressões reacionárias contra o seu reinado. Rainha de direito desde criança – com a morte de seu pai – e de fato quando ainda era adolescente, Kristina buscou a modernização de seu país, e escandalizou a corte ao propor que as fortunas investidas em guerras fossem  empregadas não mais em armas, mas sim na a aquisição de livros, obras de arte, e na construção de bibliotecas. Seu plano pacifista incomodava os conservadores muito mais que o fato dela ser homossexual, e sua sede por conhecimento a tornou amiga pessoal do próprio René Descartes. O mundo, porém, ainda não estava preparado para ela naquele longínquo  século 17. E certamente ainda não está até hoje.

Porém, o filme não tem a mesma força da personagem. Com uma narrativa que resvala no televisivo, e cenas que pecam pelo excesso de dramaticidade teatral, “A Jovem Rainha” deixa escapar uma boa oportunidade de trazer para os tempos de hoje as eternas questões que distanciam humanistas e belicistas.

Coproduzido por Finlândia, Alemanha, Canadá, França e, claro, a própria Suécia, “A Jovem Rainha” estreou na última quinta, 23/02.