A LUTA PARA SER “MARIA LUIZA”.

Por Celso Sabadin.

Se a transexualidade por si só já carrega uma série infindável de problemas e preconceitos, imagine então a transexualidade no conservador e intolerante ambiente militar. Este foi o verdadeiro calvário pelo qual Maria Luiza da Silva, nascida José Carlos, foi obrigada a passar até conseguir finalmente se encontrar e se firmar em toda sua dignidade humana.

Dirigido e roteirizado por Marcelo Díaz, “Maria Luiza” documenta a trajetória da primeira transexual das Forças Armadas Brasileiras, cabo da FAB durante 22 anos, e que após a revelação de sua condição foi cruelmente aposentada por invalidez, à sua própria revelia.

“Há quase dez anos, Maria Luiza me recebeu em seu apartamento no Cruzeiro, cidade-satélite de Brasília, de forma muito afetuosa. Ficamos horas conversando. Fiquei extremamente impactado pela história que ela me contou, desde sua vida pregressa em Ceres, interior de Goiás, seu sonho em trabalhar com aviação na FAB, até sua luta por continuar na Aeronáutica, como mulher trans, passando pelos bastidores da vida militar, o casamento, a filha e o processo de mudança de gênero”, explica o diretor.

Durante dois anos Marcelo Díaz acompanhou esta história de lutas e injustiças que agora chega ao público via plataformas digitais. Um filme que se une a outros documentários-denúncia formando um importante painel que registra de forma indelével as verdadeiras condições e a gigantesca violência pelas quais passam milhares de brasileiros e brasileiras que, um dia, ousaram exercer o direito de ir em busca de suas verdadeiras identidades. Que sirva de inspiração para novas lutas.

O longa está disponível nas operadoras Now, Vivo, Oi e iTunes, Appletv, Youtube Filmes e Google Play.