“A MARCA DO MEDO” HOMENAGEIA ANTIGO TERROR BRITÂNICO.

Os fãs de terror conhecem muito bem a importância da produtora britânica Hammer, verdadeira grife do gênero desde os anos 40 do século passado, e que até hoje permanece em atividade, ainda que sem o mesmo brilho de antigamente.
Quando um filme da Hammer resolve homenagear os anos dourados da própria Hammer, o acontecimento merece a atenção dos fãs mais nostálgicos. É o que acontece com “A Marca do Medo”, terror produzido agora, em 2014, mas filmado com a estética de 1974.

A própria trama, aliás, é ambientada em 74. Junto com três universitários, o professor Joseph Copeland (Jared Harris) se isola num estranho casarão (claro!) para um não menos estranho experimento científico: ele tentará provar que a jovem Jane (a Emma do seriado “Bates Motel”) não está possuída por uma entidade paranormal, como se supõe, mas que ela é apenas vítima de suas próprias alucinações. Evidentemente os experimentos darão errado, para o desespero dos protagonistas e os sustos da plateia.

Não é o enredo, contudo, o que mais importa em “A Marca do Medo”. O filme vale mesmo pela deliciosa reconstrução dos anos 70, num exercício visual de estilo que vai muito além da direção de arte e da fotografia: a estética setentista invade também a própria maneira de filmar, redefinindo os cortes, enquadramentos, as cores lavadas como num filme velho, as interpretações, e os efeitos especiais pouco ou nada tecnológicos.
Tornando tudo ainda mais divertido, dentro deste “filme dos anos 70” o professor exibe trechos de filmes que seriam mais antigos ainda, dando um toque de metalinguagem em toda esta brincadeira de horror.

Surpreendentemente, os sustos são melhores que os proporcionados pela grande maioria dos filmes de horror das safras mais recentes.

O cineasta John Pogue, que não havia chamado muito a atenção nem como roteirista de “Navio Fantasma”, nem como diretor de “Quarentena 2”, faz neste, que é o seu segunda longa como diretor, um trabalho digno de nota, nem que seja apenas pelo saboroso exercício estilístico.