“A MATÉRIA NOTURNA”: VITÓRIA!

Por Celso Sabadin.

Na cidade de Vitória, a motorista de aplicativo Jaiane (Shirlene Paixão) tenta compensar os perrengues de sua vida atribulada soltando sua bela voz em rodas de samba. Vindo do outro lado do Atlântico, o marinheiro moçambicano Aissa (Welket Bungu) desembarca na mesma cidade, e nada tem para fazer enquanto seu navio não é consertado.

Movidos pelos ventos do acaso, ambos percorrem os caminhos do improvável na tentativa de, pelo menos, aplacar suas solidões.

Neste seu segundo longa-metragem, o roteirista e diretor capixaba Bernardo Lessa se mostra dos mais hábeis na difícil tarefa de criação de climas cinematográficos. Apoiado apenas sobre uma bastante tênue linha de roteiro, Lessa valoriza com eficiência o que não é mostrado, potencializa o sugerido, obtendo assim uma atmosfera de crescente tensão que não raramente tangencia o suspense.

A envolvente fotografia de Safira Moreira ajuda a transformar a própria noite em uma personagem a parte, enquanto o casal protagonista exala a veracidade e a empatia necessárias para construir um forte vínculo de identificação com a plateia.

Entrando em sua segunda semana em cartaz em Fortaleza, “A Matéria Noturna” estreou na quinta-feira, 04/04, em cinemas de São Paulo, João Pessoa e Manaus.

Quem é o diretor.

Bernard Lessa é produtor e realizador de cinema com base em Vitória, ES. Sócio fundador da Rede Filmes, realizou os curta-metragens Tejo Mar (2013); Sopro, Uivo e Assobio (2015) e A Casa Térrea (2017). A Mulher e o rio (2019), seu primeiro longa-metragem, estreou no 52º Festival de Brasília. A Matéria Noturna (2021), seu segundo longa, foi premiado na Mostra Futuro Brasil, do 52º Festival de Brasília, como melhor filme e tem estreia programada para outubro no Olhar de Cinema. O Deserto de Akin, seu próximo filme, encontra-se em pré-produção.