“A MULHER DE PRETO 2″ TENTA RESGATAR O HORROR INGLÊS DA HAMMER.

Por Celso Sabadin.

 A história de Susan Hill (autora do livro “A Mulher de Preto”) e  Jon Croker (corroteirista de alguns “Harry Potter”) ambienta a ação de “A Mulher de Preto 2” no horror dos bombardeios diários que Londres sofria durante a 2ª Guerra Mundial. Um grupo de crianças cujos pais ou morreram no conflito ou não têm condições de abrigar seus próprios filhos é obrigado a se refugiar num lugar distante da capital inglesa. E vão parar, claro, na abandonada e assustadora Eel Marsh House, a tal Mansão do Pântano, que vimos no primeiro filme. Para cuidar das crianças, apenas duas professoras. Está armado o cenário para uma clássica história de casa mal assombrada.

Porém, atenção. Já faz um bom tempo que a infantilização do público e consequentemente da maioria dos temas tratados pelo cinema que visa o mercado nos condicionou a ver nos filmes de terror um “produto audiovisual” (detesto esta expressão) direcionado ao adolescente comedor de pipoca. O que pressupõe aquelas conhecidas fórmulas que envolvem violência gráfica, roteiros engessados e demais clichês aos quais infelizmente o gênero terror tem se submetido nas últimas décadas.

Assim, que for ver “A Mulher de Preto 2” com esta visão infanto-juvenil pode estranhar. Mais denso e mais pesado que os Freddies Krugers e Jasons da vida, o filme carrega uma crueldade bastante específica ao fazer de crianças as suas principais vítimas fatais. E o ritmo não é de aventura histérica, como muitas vezes acontece em filmes mais comerciais.

Antes de mais nada, vale lembrar que a produção não é norte-americana, mas sim inglesa, o que já é por si só uma outra concepção de horror. E mais: o filme usa a mítica assinatura da Hammer, estúdio britânico que marcou época no gênero nos anos 40, 50, e 60, entrou em decadência, e desde 2007 tenta se reerguer e reencontrar seu espaço dentro da categoria. Ou seja, uma responsabilidade a mais.

Desta maneira, quem for ver o filme como mero entretenimento juvenil pode se decepcionar. Quer for vê-lo com alguma expectativa a mais pode curtir. A lamentar apenas a péssima projeção do Espaço Itaú Augusta sala 1, onde pelo jeito a lâmpada do projetor não é trocada faz tempo, o que prejudicou sensivelmente a avaliação do filme pela imprensa.

Detalhe final: não é necessário ver o primeiro filme para acompanhar o segundo: a história se fecha em si mesma.