“A NÚMERO UM”: CORRUPÇÃO E EMPODERAMENTO.

Por Celso Sabadin.

Em tempos de empoderamento feminino e de maracutaias nos altos escalões do poder, o lançamento de “A Número Um” é mais que bem-vindo. Os talentos da roteirista Marion Doussot (a mesma de “Simplesmente uma Mulher”) e da diretora e também roteirista Tonie Marshall (de “Sexo, Amor e Terapia” e “Instituto de Beleza Vênus”) se uniram para mostrar o dilema de Emmanuelle (Emmanuelle Devos), uma alta executiva de um renomado grupo empresarial francês, muito talentosa e profissional, mas que sofre nas mãos de uma diretoria machista e conservadora.  É neste cenário que Emmanuelle é sondada para assumir o cargo de Presidente de uma importante organização, o que a tornaria a primeira mulher da história a presidir uma empresa do chamado CAC 40, ou seja, o grupo das 40 instituições mais rentáveis da bolsa de valores da França.

Emmanuelle se percebe então no centro de num caldeirão de pressões insuportáveis vindas de todos os lados, desde o grupo que quer usá-la para a causa feminista, até o próprio marido.  Afloram a partir daí as típicas sujeiras, canalhices, puxações de tapete e chantagens sempre presentes quando o assunto é a briga pelo poder.

Repleto de intrigas de bastidores, “A Número Um” exige total concentração em nomes, cargos, funções e manobras. Piscou para comer pipoca, perdeu o fio da meada. Um de seus maiores méritos é o de desnudar o meio empresarial como um dos grandes antros de crimes e corrupção, e não apenas o meio político, como já nos acostumamos há tempos.

O filme – que não por acaso estreou no Dia Internacional da Mulher – rendeu a Emmanuelle Devos uma indicação ao César de Atriz.