A OPRESSÃO EXPLODE EM CRUELDADE NO PREMIADO “LADY MACBETH”.

Por Celso Sabadin.

A incrível capacidade que o ser humano tem de criar armadilhas para si mesmo e para as pessoas que o rodeiam, sempre com o objetivo de perpetuar mecanismos de poder, dominação e repressão. Esta é uma das leituras de “Lady Macbeth”, premiado longa de estreia do cineasta inglês William Oldroyd.

A história se passa no século 19, momento em que a jovem Katherine (Florence Pugh)  – como se fosse um armário ou um criado-mudo – se prende a um casamento de conveniência, no qual ela é apenas parte da grande propriedade rural pertencente ao pai do noivo.  Evidentemente, o dono da terra também é o dono de tudo, incluindo seu próprio filho Boris (Christopher Fairbank), os serviçais, e a nora, cuja função na casa é lhe dar netos e calar a boca.

Dentro desta situação insustentável, onde as aparências precisam ser rigidamente mantidas, a liberdade surge encarnada na figura rústica de Sebastian (Cosmo Jarvis). O mundo de reprimendas e restrições de Katherine está agora prestes a explodir. E de formas inesperadas.

 

A partir do conto “Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk”, publicado pelo escritor russo Nikolai Leskov em 1865, o filme traça um painel dos mais cruéis sobre os limites da intransigência, e de como a opressão desproporcional pode desencadear as mais vis e mesquinhas reações.

Com estreia confirmada para 17 de agosto, “Lady Macbeth” coleciona mais de uma dezena de indicações e premiações por diversos festivais europeus, incluindo o da crítica internacional em San Sebastian, na Espanha.