“A OUTRA HISTÓRIA DO MUNDO” CONTRAPÕE DITADURA E CONHECIMENTO.

Por Celso Sabadin.

Coproduzido por Uruguai, Argentina e Brasil, “A Outra História do Mundo” é uma farsa tragicômica que se desenrola num clima meio de fábula (pero no mucho) para denunciar a estupidez dos poderes autocráticos. No caso, da ditadura que assolou o Uruguai entre 1973 e 1985, mas vale para qualquer governo arbitrário e não democrático.

Tudo acontece na pequena cidade de Mosquitos, onde dois grandes amigos (Milo, vivido por Roberto Suárez, e Esnal, interpretado por César Troncoso) decidem pregar uma peça no Coronel Valerio (Nestor Guzzini), o interventor federal do lugarejo. Na base da molecagem (também pero no mucho), Milo e Esnai simplesmente “sequestram” os anõezinhos de cimento que enfeitam o jardim do coronel, em nome de uma suposta guerrilha revolucionária que não existe. Porém, os amigos não contavam que em Mosquitos – assim como em todo lugar onde a truculência prevalece – também existe a abominável figura do delator. E que militares não são conhecidos exatamente pelo senso de humor.

Logo o cômico se transforma em dramático, a ignorância prevalece, mas pode existir uma luz no fim do túnel: e ela se chama História. Ainda que reinventada.

Baseado no romance “Alívio de Luto” do escritor uruguaio Mario Delgado Aparaín, o longa consegue ser um sopro de leveza e otimismo mesmo diante de um cenário tão lúgubre quanto o do poder militar. Talvez pelo fato de, historicamente, o Uruguai ter conseguido lidar com seus terríveis fantasmas de forma mais positiva que seus vizinhos e coprodutores cinematográficos. Este é o segundo longa dirigido por Guillermo Casanova, 14 anos após sua estreia diretiva em “El Viaje Hacia el Mar”, inédito no Brasil.

À luz do saber, do ensinamento e da História, “A Outra História do Mundo” é uma ode à resistência. Sempre.  A estreia é nesta quinta-feira, 2 de agosto.